sábado, dezembro 13, 2008

Sexta-feira 13

Se você pensa que eu vou falar sobre um filme de terror, não, não vou falar sobre filme, apesar de falar sobre terror, terror de Estado. A sexta-feira 13 que me refiro foi o fatídico dia em que a Ditadura brasileira baixou o ato institucional nº 5, conhecido como AI 5. A nova lei permitiu à tigrada prender quem quisesse sem ordem judicial, sem possibilidade de habeas corpus, sem informar á família ou órgão judicial competente, ou o porquê da prisão, na verdade, podia até negar que a prisão havia sido feita. Assim, qualquer um podia ser preso e torturado sem que ninguém soubesse, daí vem muito dos desaparecidos.
Esse filme de terror da ditadura durou 10 anos e começou a exatos 40. A sexta-feira 13 de dezembro de 1968, NÃO É UM DIA PARA SER ESQUECIDO! Deve ser lembrado, suas vítimas devem ser reparadas, e os criminosos da ditadura punidos!

terça-feira, setembro 16, 2008

Um outro 11 de setembro




No dia 11 de setembro de 1973 a história da América Latina mais uma vez se encheu de infâmia. Depois do Brasil e da Bolívia em 1964, da Argentina em 1966 e 1976, do Uruguai naquele mesmo ano, foi a vez do Chile sofrer um golpe militar (o Paraguai já sofria com a ditadura desde 1954, e ainda sofreria sob os desmandos de Stroessner (1912-2006) até 1989, a ditadura mais longa da América do Sul). Reforçando o pensamento preconceituoso existente na Europa e nos Estados Unidos de que o continente era constituído de repúblicas das bananas, assoladas por caudilhos, o general Augusto Pinochet (1915-2006) deu um golpe militar no presidente constitucionalmente eleito Salvador Allende (1908-1973), que resistiu bravamente, e morreu no palácio de governo. O golpe do Chile teve apoio dos Estados Unidos que mandou navios para a costa chilena, além de ampla participação da CIA. O Chile sofreu com uma das ditaduras mais duras do continente, com milhares de mortos e desaparecidos. Finalmente, em 1990 o país voltou à legalidade com o fim da ditadura militar.
Diferente do Brasil, no Chile os agentes do Estado que mataram e torturaram têm sido punidos. O ditador chileno, Augusto Pinochet, chegou a ser preso em 1998, em Londres, por ordem expedida pelo valente juiz espanhol Baltasar Garzón. Além das acusações de assassinatos e violações de direitos humanos o ditador enfrentou acusações por outros crimes cometidos por ele, como enriquecimento ilícito.
A política estadunidense continuou a ser de intervenção direta ou indireta em outros países, não só da América Latina. No início dos anos 1980, sua política de contenção do comunismo se voltou para Ásia, depois da invasão Soviética ao Afeganistão e da revolução Islâmica no Irã, ambos no ano de 1979. A política dos Estados Unidos foi de apoiar os inimigos dos seus inimigos, seguindo aquele ditado: “os inimigos dos meus inimigos são meus amigos”. No caso do Afeganistão o apoio em forma de dinheiro e armas foi para a milícia Talibã; e o inimigo do Irã, e, portanto, amigo dos Estados Unidos, àquela época era o Iraque e seu ditador, Sadan Hussein. Anos depois tanto os Talibãs quanto Sadan seriam os maiores inimigos dos estadunidenses, depois de um outro 11 de setembro.
Mas voltando ao ditador do Chile, este deixou de ser importante parta os Estados Unidos depois da queda do Muro de Berlim, e tornou-se um inconveniente bem antes, ainda na década de 1970, quando o presidente estadunidense Jimmy Carter, chamou atenção para o desrespeito aos direitos humanos na União Soviética, e “descobriu” que tinha como aliado na luta contra o comunismo um ditador feroz (não era o único, existiam outros). Assim, o ditador foi obrigado a deixar o governo nas mãos dos civis.

quarta-feira, agosto 20, 2008


Entrego-me de braços abertos
E encontro o chão
Guardo um diário de mágoas e recordações
Fotografias amareladas, cartas mal escritas,
Que preguiça!
Não preciso revirar nada
Apenas fechar os olhos
Não preciso revirar nada
Apenas me deitar no chão

Entrego-me de braços abertos
E não te encontro, não
A minha caixa velha, de papelão
Já está cheia!
E não há mais espaço
Na memória, para lembranças
Entradas de cinema, livros,
Filosofias, poemas
Uma pena!
Não preciso revirar
Velharia!
Não preciso lembrar
Não queria!

Apenas fechos os olhos
E lembro, do que não queria
Apenas fechos os olhos
E vejo, o que não devia
Tua barriga deitada sobre a minha
Tuas pernas trançadas
Entre as minhas
Excita-me!
Não queria, não devia

Agora abro a caixa
E jogo tudo sobre o chão
Não há espaço para você
Nem nas memóriasNem na minha caixa de papelão

segunda-feira, abril 14, 2008

Falta

No fundo do poço
Não há corda
Não acordo
Não há acordo

Pedras
Água
Lama

Sem socorro
Não há socorro
Que socorro?
Que sufoco!

Falta caçamba
Falta cabeça
Falta!

sexta-feira, abril 11, 2008

Diga sim ao casamento gay!



Os homossexuais são tratados no Brasil como cidadãos de segunda categoria. A Constituição Federal da República do Brasil em diversos artigos declara que todos são iguais perante a lei. Porém a mesma constituição considera válido apenas o casamento entre um homem e uma mulher. Ora, ou todos são iguais, ou todos não são iguais. Quer dizer que uns são mais iguais do que os outros? Como não é possível considerar norma constitucional, inconstitucional, a constituição tem quer ser mudada, ou para garantir real a igualdade de todos, ou para declarar que os homossexuais não têm esse direito. O caput do artigo 5º da CRFB/88 diz o seguinte: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza...” Mas essa igualdade não existe de fato no Brasil. E você gosta de viver nesse país que discrimina seus nacionais, só porque eles têm orientação sexual diferente? Você acha isso certo?
Não podemos deixar que questões de fundo religioso pairar sobre os direitos da pessoa humana. O que é mais importante o sentimento religioso ou o respeito aos direitos humanos? Quando os islâmicos cortam o clitóris das mulheres há uma grita geral condenando a religião alheia, mas quando fundamentalistas cristãos vão para a televisão dizer que não pode haver casamento de gays porque Deus não quer ninguém fala nada. Tenho certeza que Deus não quer a violência, as desigualdades, a pobreza, a ignorância, a falta de amor, a vida baseada apenas em bens materiais, a exploração, a degradação do meio ambiente, as guerras, o desrespeito contra a pessoa humana. E a proibição do casamento dos homossexuais vai contra os direitos da pessoa humana. Se Deus é amor, não há proibição para o casamento de pessoas que se amam. Aqui na Terra nada pode ficar acima, nenhuma religião ou ideologia, do respeito aos direitos da pessoa humana. E com relação a Deus, as religiões cristãs dizem que todos os seres humanos são feitos a sua imagem e semelhança. E assim também são os homossexuais, a imagem e semelhança de Deus. Quem desrespeita os homossexuais e os seus direitos, também vai contra Deus, vai contra os filhos de Deus.
Não vou ficar aqui em discussão teológica. Mas o casamento de homossexuais não é casamento na igreja, de véu e grinalda. Esse ai ninguém mais quer, nem os heterossexuais querem, quanto mais os gays. Os homossexuais querem direitos, querem ser reconhecidos como iguais. Querem poder viver como gente, sob o respaldo da lei. A questão da união dos homossexuais me lembra a luta pelo voto feminino. Ainda no início do século XX muita gente era contra, até religiosos, que são geralmente contra tudo o que é novo. Não vamos esquecer que a igreja levou centenas de pessoas às fogueiras na inquisição. Um dia quase todos os países do mundo vão aceitar a união de homossexuais (como as mulheres têm direito a voto nos dias de hoje), ai vão ser as igrejas esvaziadas que vão chamá-los para irem se casar lá.

terça-feira, abril 08, 2008

Selo




Acabei de receber um selo do Rodrigo que escreve o blogSilence . Fico muito feliz e agradecido pela indicação.
Escrever um blog não é fácil. Além da dedicação, das horas destinadas na frente do computador, do tempo gasto em pesquisa, das críticas ruins e boas, há sempre a vontade de fazer mais e a idéia de que o trabalho não foi bem feito. Vejo minha função de blogueiro como um dever. Não é só diversão, passatempo, mas também a vontade de escrever coisas bonitas, informativas. fico muito feliz quando pessoas aprende ou se informam ao ler o meu blog. Fico feliz com certo reconhecimento, e com a homenagem do Rodrigo. Valeu! Mais uma vez, obrigado!

domingo, abril 06, 2008

Martin Luther King, In the name of love




No início de abril de 1968 a Academia de Artes e Ciências de Hollywood estava preparada para entrega do Oscar, porém o assassinato de Martin Luther King adiou a cerimônia de entrega por dois dias. A academia se calou! King foi durante os anos 60 um dos líderes negros mais ativos nos Estados Unidos. Filho de um pastor, em 1954, ele aceitou a pastoral de Montgomery, no Alabama. Em dezembro do ano seguinte liderou o primeiro grande movimento não violento negro, o boicote dos ônibus que durou 382. Em Montgomery a discriminação nos ônibus era legal, e os negros podiam apenas se sentar nos bancos traseiros, não podendo utilizar o espaço dos brancos. Em 21 de dezembro de 1956, a Suprema Corte dos Estados Unidos declarou inconstitucional a segregação nos ônibus. Foi a primeira grande vitória de King.

O líder negro pacifista, aos 35 anos foi a pessoa mais nova a ganhar o Prêmio da Paz, e doou todo o dinheiro do prêmio, mais de 50 mil dólares, à causa dos direitos civis dos negros.

Realmente King foi um líder nato. No seu famoso discurso “I Have a Dream” ele pedia um país onde negros e brancos pudessem se confraternizar. Na noite de 4 de abril de 1968 Martin Luther King descansava num hotel em Memphis, quando levou um tiro disparado por um prisioneiro branco que fugira. Quando a notícia da sua morte se espalhou a violência estourou em mais de 100 cidades. O movimento negro depois de King se tornou mais violento, o racismo hoje nos Estados Unidos não é mais legalizado. Mas na grande potência defensora da liberdade e da democracia, como eles gostam de se auto intitular, em alguns lugares negros e brancos ainda não podem se confraternizar.



U2
Pride (In The Name Of Love)
One man come in the name of love
One man come and go.
One man come here to justify
One man to overthrow.
In the name of love
What more in the name of love.
In the name of love
What more in the name of love.
One man caught on a barbed wire fence
One man here resist
One man washed up on an empty beach
One man betrayed with a kiss.
In the name of love
What more in the name of love.
In the name of love
What more in the name of love.
Early morning,
April four
Shot rings out in the Memphis sky.
Free at last, they took your life
They could not take your pride.
In the name of love
What more in the name of love.
In the name of love
What more in the name of love.

segunda-feira, março 31, 2008

Vietnã 1968, David versus Golias

Durante grande parte de sua história o Vietnã lutou contra a opressão de potências estrangeiras. Ainda no século IX os vietnamitas venceram as forças da dinastia chinesa Han, e colocaram fim à quase mil anos de vassalagem. Depois ainda lutaram contra outras dinastias chinesas, e contra os mongóis. Mais de seiscentos anos depois, já na era moderna lutaram novamente contra os chineses, das dinastias Ming e Ching e na aurora da era contemporânea lutaram contra os khmeres. Porém, em 1860 o Vietnã passou a enfrentar uma potência distante. Naquele ano, os franceses iniciaram a conquista colonial da Indochina, e em quatro décadas consolidaram a dominação da península. Essa dominação só foi quebrada em 1940, quando a colônia francesa foi invadida e dominada pelo Japão. Ao final da Segunda Guerra Mundial, quando os franceses tentaram retomar o controle, o movimento de independência, liderado pela Frente de Libertação Nacional, fundada em 1941 por Ho Chi Minh, já tinha declarado a independência do norte do país. O sul, controlado pela França, foi declarado país independente em 1946. Foi assim que as potências imperialistas levaram o Vietnã a uma guerra de 30 anos de duração, pela sua libertação e unificação.
O novo país de orientação socialista não se rendeu à opressão francesa, e lutou bravamente durante nove anos, derrotando em 1954 os franceses em Dien Bien Phu, e obrigando estes a firmar o acordo de Genebra no mesmo ano. Assim, os franceses e os Norte Vietnamitas acertaram retirar suas tropas do Vietnã do Sul, até as eleições marcadas para 1956. Quando o futuro do país seria decidido nas urnas. Mas os Estados Unidos invadiram o Vietnã do Sul e instalaram um governo títere sob o comando de Ngo Dihn Diem. Em 1968 as tropas estadunidenses no Vietnã do Sul ultrapassavam meio milhão de homens. Mas a grande potência capitalista estava longe de obter uma vitória. Grande parte da sua população não queria guerra. Desde 1965, quando o jornalista Morley Safer gravou uma reportagem no vilarejo de Cam Né, e mostrou aos estadunidenses seus soldados expulsarem os moradores, camponeses, de suas choupanas e com seus isqueiros Zippo atearam fogo nelas, grande parte da opinião pública ficou contra a guerra, além disso, outro grande motivo, talvez até o principal, para rejeição ao conflito, foi o alto número de soldados mortos. E mesmo com uma superioridade bélica avassaladora, os estadunidenses cada vez se atolavam mais no Vietnã, e no final de 1967 a constatação geral era de que não estavam perdendo, mas também não estavam ganhando, ou melhor, aquela guerra nunca seria ganha. Cada vez mais, governo após governo, a questão para eles deixou de ser; “como ganhar a guerra?”, para; “como sair sem sofrer uma grande humilhação?” Algo semelhante ao Iraque de hoje.

A situação se tornou pior para os estadunidenses em janeiro de 1968, quando os Vietcongs iniciaram a ofensiva Tet e chegaram às portas da embaixada dos Estados Unidos em Saigon, capital do Vietnã do Sul, pegando-os de surpresa. A opinião pública estadunidenses ficou cada vez mais contra a guerra, e os estudantes foram para as ruas protestar, principalmente depois do dia 16 de março daquele ano, quando soldados ensandecidos colocaram fogo numa aldeia chamada My Lai, matando crianças, mulheres e idosos. Dessa vez as cenas do holocausto vietnamita não foram filmadas e exibidas no mundo todo, mas a notícia se espalhou. Em 1968, os Estados Unidos foram sacudidos por protestos estudantis. Eles reivindicavam o fim da guerra, melhores condições e menos autoritarismo nas universidades, direitos civis, fim do racismo legal, igualdade para as mulheres e o fim da discriminação aos homossexuais. A guerra terminou em 1975, quando a grande potência imperialista foi humilhada por um país pequeno, atrasado e agrário. Em 1976, o país foi reunificado. Durante mais de 15 anos de guerra os Estados Unidos despejaram no Vietnã mais bombas, em toneladas, do que em toda a Segunda Guerra Mundial, além de terem feito testes com armas químicas e bacteriológicas, destruíram 70% de todos os povoados do norte. Mesmo assim, naquele ano de 1968 o pequeno David começo a derrotar o grande Golias.

domingo, março 16, 2008

TODOS OS PERSONAGENS DO MUNDO




Quando me dei conta de minha existência, eu era apenas um JOVEM TÖRLESS. Ainda havia muitas indecisões. Eu era ainda muito ambíguo. Até podia exercer o mal, pensando estar fazendo o bem. Tinha uma visão maniqueísta do mundo, e isso não me agradava. Então me tornei um pouco REITING, praticante de todos os tipos de vilanias existentes. Mas como não sabia ser apenas algoz, fui aos poucos me tornando BASINI. O que me transformou de certa forma em vítima. E como não aceito nem ser vítima de mim mesmo, esse personagem não me cabia, nenhum desses personagens me cabia! Quando eu fui todos eles, ainda era muito JOVEM.


Com o passar dos anos fui aos poucos me tornando um pouco WERTHER. SOLIDÃO e SOFRIMENTO eram tão importantes como paixão platônica. Vivia da tempestade ao ímpeto! Mas o crescimento passa por descobertas, multidão, e paixões correspondidas. E eu ainda era JOVEM.








Descobri um dia que eu podia ser TOMAS. Como é bom poder mudar de personagem! Foi quando me invadiu uma INSUSTENTÁVEL LEVEZA DOS SER. O sexo se tornou não apenas prazer, mas também liberdade. A liberdade significou viver. Esse me pareceu ser o melhor personagem. Sem culpa, sem paixão, sem medo, sem remorso. Apenas livre e convicto. Somente encantado em viver a vida, sem estar apegado a ela. Eu apenas vivia!








E no meio das dores do prazer de viver, a vida me transformou em DORIAN GRAY. O que me causou certo problema em ter que esconder o seu (meu) RETRATO. Sempre muito trabalhoso. Muito mais trabalhoso do que exercer algum lado negro ou praticar qualquer tipo de vilania. Melhor era viver na superfície, num mundo raso e apenas de aparência. Hedonismo, por favor, hedonismo! Personagem esse um pouco velhaco, apesar de aparecia muito jovem. Nada disso me cabia. Eu não caibo em nada disso.


Preferi, então, ser apenas eu, mais um JOÃO, e nascer eu mesmo, personagem diferente a cada dia. Como se um resto de poeira cósmica não pudesse ser o que quiser.

sábado, março 08, 2008






Na Semana Internacional da Mulher, mais precisamente no dia 8 de março, consagrado como dia Internacional da Mulher, haverá uma blogagem coletiva para marcar a luta das mulheres contra o preconceito, em favor da igualdade. A escolha desse dia, como uma data de luta, se deu em 1910, no Congresso Internacional das Mulheres Socialistas, em homenagem às 129 operárias mortas queimadas pela força policial numa fábrica têxtil, em Nova Iorque, no dia 08 de março de 1857, durante uma paralisação que reivindicava a redução da jornada de trabalho de 14 para 10 horas diárias, e o direito a licença maternidade.
Os três textos a seguir são a minha pequena contribuição, com o objetivo de levantar a discussão sobre os direitos das mulheres e sua (nossa) luta, pela concretização desses direitos.


ALGUNS ASPECTOS DA CONDIÇÃO FEMININA NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO NO INÍCIO DO SÉCULO XX

No início da década de 1910 um fato noticiado por vários jornais na cidade do Rio de Janeiro serve, de modo geral, de ilustração da vida das mulheres na cidade. Uma mulher jovem, cerca de 20 anos, não identificada, ao circular na Avenida Central (depois de 1912, Rio Branco), acompanhada de outra mulher, foi abordada por um grupo de homens que apuparam-na, gritaram palavras obscenas, puxaram sua roupa. Agredida, com medo da reação da turba, para não ter a roupa rasgada, ela foi obrigada a se abrigar numa loja, pois ainda corria o risco de sofrer outros tipos de violência. A justificativa para o assédio e a violência mais uma vez, como sempre o costume, foi culpar a vítima por vestir uma saia (que como todas as outras não mostrava nada), última moda em Paris, nunca vista antes no Rio de Janeiro, que não tinha aquele número excessivo de anáguas que serviam para deformar e esconder o corpo das mulheres. A saia não era colada ao corpo, mas dava certa forma ao mesmo, e viria a ser usada em pouco tempo por todas as mulheres no Rio de Janeiro.
Esse fato ilustra como eram tratadas as mulheres no Rio de Janeiro naquela época, apenas como objetos para os homens. Dessa forma, havia uma grande delimitação entre os espaço das ditas “mulheres honestas” e as “não honestas”, ou seja, as meretrizes. As primeiras estavam excluídas do espaço urbano, e quando saiam às ruas eram sempre vigiadas por um homem, ou até mesmo por outra mulher. A rua era um espaço masculino, e não poucos casos de estupros eram “desculpados”, pois a culpa era da vítima que se encontrava sozinha em uma rua não apropriada, ou num horário não apropriado, ou havia se “oferecido”. Muitos homens, ao cometer algum abuso contra uma mulher, desculpavam-se ao afirmar que tinham agido de tal modo, por pensarem que a vítima fosse uma meretriz. Não era costume mulher andar sozinha pelas ruas. Uma mulher caminhando desacompanhada causava suspeita, e poderia ser tratada de forma grosseira, ou até sofrer abusos.
Foi inicialmente a necessidade de trabalho que lançou mulheres pobres nas ruas da cidade, na segunda metade do século XIX. Mesmo assim, a rua continuou um espaço masculino. Somente nas primeiras décadas do século XX é que as mulheres começaram a conquistar a ‘liberdade’ de saírem sozinhas às ruas. Mas não foi apenas a necessidade do trabalho que levou às mulheres às ruas, novos costumes, como os passeios de carro, para as elites, e a ia às compras, moda imitada logo pelas mulheres das classes medianas, levaram às das classes mais elevadas a saírem sozinhas às ruas já na década de 1910.
Mesmo assim, apesar de certa liberdade nos espaços públicos, esperava-se que as mulheres se portassem de modo socialmente desejável. Ao se criar o estereótipo da ‘mulher pública’, em antagonismo ao da ‘mulher honesta’, e criar fronteiras simbólicas, interditando espaços públicos e privados às meretrizes e às mulheres não meretrizes em geral, podiam ser mais bem controladas no espaço urbano. Desse modo, ao estigmatizar prostitutas e não prostitutas criava-se um espaço de controle de ambas, onde o cumprimento das regras era vigiado não só pelos homens, mas também pelas mulheres. Aos poucos as mulheres foram se libertando dessas amarras, põem ainda ficaram resquícios do preconceito. Muita luta ainda vai ser necessária para que as mulheres não sejam estigmatizadas por assumirem determinado comportamento, não sejam culpadas mesmo quando são vítimas (muitas mulheres vítimas de estupro são consideradas “culpadas” por usarem roupas sensuais, ou algo parecido), não sofram preconceito apenas por serem mulheres.




MULHERES DE 1968

No dia 07 de setembro de 1968 foi realizado num hotel em Nova Iorque o concurso Miss América. Esse dia, nos Estados Unidos é muitas vezes dado como a data em que o feminismo moderno foi lançado. Mas o que teria em comum um concurso de Miss, evento conservador, onde apenas a beleza e os “bons modos” das candidatas são levados em consideração, com o movimento feminista? Nesse caso, tudo!
As Mulheres Radicais de Nova Iorque naquele ano de 1968, dedicado aos direitos civis, não podiam deixa passar um evento tão triste, sem nenhuma manifestação. Um grupo de mulheres se postou em frente ao hotel com uma grande lata de lixo chamada de “lata de lixo da liberdade”. Dentro da lata de lixo, elas despejaram várias coisas como sutiãs, produtos de beleza, entre outros. Além de pendurar cartazes, e para o evento por vinte minutos repetindo a frase “Liberdade para as mulheres!”. O grupo corou uma ovelha como Missa América 1968. O evento chamou atenção da mídia, colocada no hotel para cobrir a eleição da Miss América, e foi importantíssimo para e luta por igualdade.
A geração de 68 fez a revolução sexual, derrubou estereótipos, colocou as mulheres na frente dos homens. O Miss América 1968 foi um marco, pois a partir daquele momento as mulheres não queria ser vistas apenas como objeto sexual dos homens, ou como uma Miss, “boa na sala e na cama”. As mulheres podiam e podem ser muito mais. Realmente, a exploração, como objeto sexual das mulheres, continua até hoje, mas elas avançaram muito no sentido da igualdade com os homens. Nós (homens) ficamos para trás na revolução sexual, não conseguimos acompanhar as mulheres, somos muito mais lentos com as mudanças. Mesmo assim, com as mulheres fazendo o que apenas os homens podiam fazer, os homens passaram a fazer o que somente mulheres faziam. E hoje homens são tratados apenas como objeto sexual também. No mundo de hoje, torna-se objeto apenas quem quer ser trado como objeto.
As mulheres de 68 revolucionaram o mundo, depois da década de 1960 o mundo não foi mais o mesmo. O amor livre, as famílias modernas, e tantas outras coisas não existiriam não fossem essas mulheres, que não só nos Estados Unidos, mas em grande parte do mundo, não aceitaram a dominação, protestaram, mudaram suas próprias posturas, e mudaram o mundo. Hoje as mulheres podem tudo, e estão cada vez mais próximas do poder. O mundo é das mulheres!




MULHERES QUE NÃO FOGEM À LUTA


Em 1893 a Nova Zelândia foi o primeiro país a conceder o direito de voto às mulheres. Hoje em alguns países as mulheres ainda têm um papel secundário, não só na política. Mas nesses 115 anos muitos avanços ocorrem no campo dos direitos da mulher. É claro que muita luta foi necessária para se obter qualquer direito, e muita luta ainda será necessária para acabar de vez com o preconceito, o machismo, a exploração da mulher e todo tipo de violência que muitas mulheres sofrem no seu dia-a-dia, além da manutenção dos direitos adquiridos ao longo dos anos.
Ainda hoje mulheres são assinadas por seus maridos em diversos países onde às mulheres têm os seus direitos reconhecidos, e esses homens nos tribunais apinhados de homens são muitas vezes julgados de forma branda. Como muitas mulheres no passado que não fugiram à luta pelos seus direitos, ainda hoje é necessário que os movimentos de defesa dos direitos das mulheres estejam ativos. Estamos no século XXI e a igualdade entre os sexos ainda é um mito. As mulheres hoje lutam, principalmente, por afirmação profissional, social e política. Muitas ainda ganham salários em torno de 50% menores do que dos homens, sofrem violência sexual e outros tipos de violência, são tratadas pela mídia como objetos sexuais e há preconceito na política e em outros campos da sociedade.
Não haverá uma sociedade verdadeiramente democrática se as mulheres não estiverem realmente em igualdade com os homens. Nesse sentido, uma revolução democrática ainda será necessária para acabar com as sociedades machista. As mulheres no início do século XX, tanto na Europa como nos Estados Unidos não podiam imaginar que grandes avanços ocorreriam na transformação de suas reivindicações me direitos. Hoje, existe uma diferença muito grande entre países onde as mulheres têm os seus direitos reconhecidos e onde isso ainda não aconteceu. E mesmo nos países onde há o reconhecimento dos direitos das mulheres, a participação delas de forma igualitária na sociedade ainda está para acontecer. Muitas mulheres e homens não devem fugir a essa luta pelos direitos das mulheres. Só assim poderemos num futuro viver num mundo melhor. Sem machismo, sem racismo e qualquer outro tipo de opressão.

sábado, março 01, 2008

* E agora Fidel?

Depois de 49 anos à frente do governo cubano, doente, e de forma melancólica, Fidel Castro deixa o poder. Para muitos já vai tarde! Em 1959, quando a Revolução Cubana derrubou o ditador Fulgencio Batista, a acabou com a dominação americana na ilha, que já durava mais de 60 anos, Fidel era considerado um libertador, não só para os cubanos, mas para o mundo todo. Ele era o homem contra a tirania, hoje ele é a tirania. O barbudo tinha o seu charme, e fascinava não só as esquerdas. Corajoso, inteligente, viril (Fidel nunca foi de uma mulher só!), desde cedo se tornou um mito. A história empurrou e Fidel se deixou empurrar para uma das mais longas ditaduras do século XX, adentrando o XXI. Hoje, quase meio século depois Fidel é visto por muitos como um opressor, um ditador.

A recusa dos EUA em aceitar a liberdade da ilha, levou Fidel a se aproximar cada vez mais da URSS, estávamos na Guerra Fria. O fim do bloco soviético, associado ao bloqueio vergonhoso dos Estados Unidos à Cuba tornou a vida na ilha de Fidel quase insuportável. Mesmo assim, Cuba conseguiu dar a volta por cima e nos últimos anos tem sido um dos países que mais crescem no continente americano.

Fidel, depois de conquistado o poder, não chegou a abandonar o sonho da revolução mundial, mas quis consolidá-la primeiro em Cuba. Já Che Guevara, tinha como objetivo estendê-la para o mundo. Além disso, Cuba era pequena demais para os dois grandes homens. Talvez se Che não tivesse morrido, tão novo, teria contribuído para que Cuba tivesse outro caminho, mais democrático. Talvez o poder não tivesse ficado concentrado nas mãos de Fidel. Talvez! Como a história é sempre o que ela foi, e não o que deveria ter sido, a história julgará Fidel, e é esse o julgamento que ele aguarda. A sua saída da chefia de Cuba pode trazer muitas mudanças para a ilha, e espero que sejam todas elas no sentido de uma democratização com a manutenção de certo socialismo. Que os cubanos não percam os benefícios em saúde e educação que dão a ilha um Índice de Desenvolvimento Humano muito mais alto do que o brasileiro. Que a vontade do povo cubano seja feita, e que o povo realmente se liberte e não precise mais perguntar, “E agora Fidel?”

sábado, fevereiro 23, 2008

* Amores são dores!


Faz tanto tempo,
E não há mais tempo.
Não lembro, nem esqueço
Passou e não penso.

Penso!
Mas não penso,
É um passado enterrado,
Morto, desfigurado.

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Espero que 2008 seja melhor para o meu coração, do que foi 2007, 2006 (que coração?), 2005. Há tempos que não há verdade, e encanto, somente ferrugem no sorriso.
Para falar a verdade, fui feliz sim! Para ser mais verdadeiro, sou feliz, porque não admito outra coisa, mas gostaria muito de ter relacionamentos menos ordinários.
Quero muito ver a luz do Sol no meio da noite, esquecer o mundo lá fora, me perder em beijos e sorrisos, compartilhar palavras e pensamentos, andar de mãos dadas e fazer todas aquelas cenas de carinho em público, e deixar que o resto seja imperfeito.


¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

Quantas mágoas eternas!
Quantos amores terrestres!
Dores são dores,
E amor não se esquece!

sábado, fevereiro 16, 2008

* Pequenas Mentiras

A chuva, fina e fria, cai intermitente por mais de dois dias tristes. Quando a temperatura diminuía muito, as pequenas gotas, que precipitavam tal qual bailarinas, girando no ar, formavam flocos de neve. Tão frágeis que derretiam ao tocar o solo. Havia mais de três semanas que eles não viam o Sol, encoberto por nuvens pesadas vindas da Sibéria, alguém disse. Na primeira semana, houve uma nevasca terrível, e a neve se acumulou em camadas, nas calçadas, telhados, árvores, tudo tinha ficado branco. Quando a neve começou a derreter, havia lama em todos os lugares, além de placas de gelo no chão, que não se desmancharam porque a temperatura voltou a cair. E naquele domingo havia chuva, fina, fria, intensa. Eles queriam sair, ver a rua. Patrícia queria tomar um sorvete na Piazza di Roma, a sorveteria mais famosa da cidade. No último verão, quando não estavam fora da cidade, iam todos os domingo naquele estabelecimento que vendia felicidade em bolas de chocolate, e em outros sabores. Resolveram sair de casa, e saíram feitos astronautas, com o corpo coberto por várias camadas de roupas.
Caio havia aprendido a mentir com Patrícia. Ela lhe contara muitas histórias. E ele não podia acreditar em todas, parecia ser fantasia, mania de grandeza, loucura. Fingira acreditar. Aceitava ouvir tudo, pois não tinha mais ninguém para lhe fazer companhia naquele inverno. Não tinha com quem caminhar nas ruas geladas, sorvendo um sorvete de creme e flocos, de braços dados. Mas aprendia com as histórias dela. Anos depois ele agradeceu tê-la conhecido. Todas às vezes, quando foi necessário inventar uma história, ele se lembrava dela, sua professora de mentira. Uma vez, quando caminhavam por uma estrada de chão batido, indo para um castelo medieval dentro de uma floresta de pinheiros, ele resolveu contar uma história. Resolveu inventar uma história fantástica, para ludibriá-la. Mas ela, no seu jeito de moça recatada, e ao mesmo tempo espevitada, era muito mais esperta do que ele, e percebeu, que o rapaz magro, e sensual que lhe dava o braço, que às vezes dormia em seu quarto, que parecia ser o seu melhor amigo, estava lhe contando uma mentira. Eles discutiram, e ela pediu que nunca mais lhe mentisse. Ele com o orgulho de homem jovem ferido, prometeu a si mesmo, ainda com o rosto rosado, resultado da vergonha por ter sido desmascarado, ao ser pego na mentira, que ia enganá-la. Achou que poderia produzir uma mentira perfeita, a aquela que ela não desconfiaria.
No domingo, quando desciam a rua em direção ao rio, ainda não tinham terminado de tomar os seus sorvetes. Ela vertia algumas lágrimas, estava triste, e o tempo não ajudava. Ele começou a contar uma história, que teria se passado na ausência dela, quando estivera viajando para o campo. Ela riu ainda com o rosto molhado, das coisas que ele falou, mas pediu que ele explicasse novamente a história, pois não tinha entendido direito alguns fatos. Na segunda exposição, ela percebeu que ele mentia. Ela parou na calçada, no momento em que iam atravessar a rua. Ele foi, ela ficou. Nunca havia inventado uma história, nem contado uma mentira para ele. Mas ele, inseguro, sentia-se inferior a ela. Armou-se num mundo imaginário que não existia, único mundo onde conseguia forças para estar ao lado dela em igualdade. Ele aprendeu a mentir com ela. Ela nunca mentiu para ele. Depois daquele dia só se viram esporadicamente, se cumprimentavam com os olhos, quando se viam em algum lugar. Quando ele atravessou a rua, da última vez em que estiveram juntos, ela deu meia volta e retornou pela mesma rua, subindo a rua em direção à sorveteria. Precisava de mais uma bola de chocolate, talvez duas ou três. A chuva fina e fria havia se transformado em pequenos flocos de neve. A paisagem, com o casario antigo ao fundo, era linda. Ela tinha novamente lágrimas nos olhos, mas sentia-se feliz, com toda a sua verdade.

terça-feira, fevereiro 12, 2008

* Memórias de papel

Entrego-me de braços abertos
E encontro o chão
Eu guardo um diário de recordações
Fotografias amareladas, cartas mal escritas,
Que preguiça!
Não preciso revirar nada
Apenas fechar os olhos
Não preciso revirar nada
Apenas me deitar no chão

Entrego-me de braços abertos
E não te encontro, não
A minha caixa velha, de papelão
Já está cheia!
E não há mais espaço
Na memória, para lembranças
Entradas de cinema, livros,
Filosofias, poemas
Uma pena!
Não preciso revirar
Velharia!
Não preciso lembrar
Não queria!

Apenas fechos os olhos
E lembro, do que não queria
Apenas fechos os olhos
E vejo, o que não devia
Tua barriga deitada sobre a minha
Tuas pernas trançadas
Entre as minhas
Excita-me!
Não queria, não devia

Agora abro a caixa
E jogo tudo sobre o chão
Não há espaço para você
Nas minhas memórias

Nem na minha caixa de papelão

sábado, fevereiro 09, 2008

Top Hits 1968 (english version by Fellipe Caetano)


1968 wasn´t a year like the other in arts.

Not only was politics remarkable in 1968, but the year was revolutionary in arts. Beyond the political activity of the young in several countries; in the United States, the demonstrations used to be mainly against the Vietnan war, in France the target were the transformations in the educational system. But there were also demonstrations for sexual liberation and equality of the genders and races. We hadn´t got into the "hard years" of the military dictatorship here in Brazil yet, this period would only begin on friday 13th, in december of 68, through AI-5, that strengthened the dictatorship. Here, artists and students went out to the streets claiming for democracy and better conditions of teaching. The year was also rich in the fields of arts and popular culture in a general view. At the scenery of international music, the 1968 top hit was Hey Jude, by The Beatles, but they also made other song be all the rage, like Lady Madonna and Revolution. We can also find in the line-up The Doors, Rolling Stones, Temptations, Diana Ross and The Supremes, Dionne Warwick, Marvin Gaye, Bee Gees, Stevi Wonder, Aretha Franklin, and the Brazilian Sérgio Mendes with The look of love and The fool on the hill, that came to be a top hit with Paul McCartney´s voice. Other songs that made success in Brazil were also at the top lists of this very year like Born to be wild, yet sung by the band The Stepennwolf, Hold me tight (it became the soundtrack of a TV ad in the 80´s in Brazil) with Jonny Nash, and Light My fire, with Jose Feliciano. This came to be the greatest song of The Doors.
While The Beatles were singing You say you want a revolution, Jose Feliciano asked to Try to set the night on fire. Actually, it was a revolutionay and inflammatory year, not only in music but also in the streets. Paris knows well.
Surely that in the list of the top 100 there were romantic songs, even because that big thronging mass is known as the peace and love generation. There were also cheerful, dancing and alien, like I say a little prayer, that says "and wondering what dress to wear, now, I say a little prayer for you". While Jerry Butler ask not to give up (Never give you up). The dream can´t finish!
Whoever wants to take a look at he 68 top hits, here you are some links to You Tube. I hope you enjoy yourselves!

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

* Top Hits 1968



1968 não foi um ano qualquer nas artes
Não só a política foi importante em 1968, o ano também foi revolucionário nas artes. Além da movimentação política dos jovens em vários países; nos Estados Unidos, as manifestações foram principalmente contra a guerra no Vietnã; na França o objetivo eram as transformações no sistema educacional. Mas também houve manifestações pela liberação sexual, igualdade dos sexos e racial. No Brasil, ainda não tínhamos entrado nos anos de chumbo da ditadura militar, este período só começaria na sexta-feirta 13, de dezembro de 1968, com o AI 5, que arrochou ainda mais a ditadura. Aqui, os estudantes e artistas saíram às ruas pedindo democracia, e melhorias nas condições de ensino. Ainda no Brasil, o ano foi rico para a cultura popular e para as artes de modo geral.
No cenário da música internacional, o grande sucesso de 1968 foi Hey Jude, dos Beatles, mas eles emplacaram ainda dois outros sucessos na lista dos 100 mais, Lady Madonna e Revolution. Na lista ainda tem, The Dorrs, Rolling Stones, Temptation, Diana Ross and The Supremes, Dionne Warwick, Marvin Gaye, Bee Gees, Stevi Wonder, Aretha Franklin, e o brasileiro Sérgio Mendes com dois sucessos, The Look Of Love, e The Fool On The Hill, que viria ser sucesso dos Beatles, na voz de Paul Mccartney. Outras músicas que vieram a fazer muito sucesso no Brasil também estavam no Top Hits daquele ano, como Born To Be Wild, mas ainda cantada pelo grupo Stepennwolf, Hold Me Tight (que foi até tema de um comercial de televisão nos anos 80 no Brasil) com Johnny Nash, e Light My Fire, com Jose Feliciano, e seria o grande sucesso do grupo The Dorrs.
Enquanto os Beatles cantavam, “Você diz que você quer uma revolução” (You say you want a revolution), Jose Feliciano (depois The Doors) pedia para colocar “fogo na noite” (Try to set the night on fire). Foi realmente um ano incendiário e revolucionário, não só nas músicas, mas também nas ruas, que o diga Paris.
Claro que na lista das 100 mais tocadas tinha músicas românticas, falando de amor; até porque os revolucionários de 68, seriam conhecidos como a geração paz e amor (Woodstock, 1969); também tinha músicas alegres, dançantes e totalmete alienadas, como I Say a Little Prayer, que diz “E enquanto fico pensando em que vestido colocar, Eu faço uma pequena oração para você” (And wondering what dress to wear, now, I say a little prayer for you). Enquanto Jery Butler pedia para “não desistir” (Never Give You Up). O sonho não pode acabar!
Quem quiser dar uma conferida nos sucessos de 1968, vai ai algumas dicas no Youtube. Espero que gostem!




The Doors




The Beatles




Aretha Franklin



quinta-feira, fevereiro 07, 2008

* Os Inconvenientes de Fumar

Não, não vou falar dos malefícios que o cigarro faz para a saúde. O objetivo aqui é falar dos chatos que aparecem quando você acende um cigarro.
O primeiro grupo de chatos é o do fumante sem cigarro, e cara de pau. É só você acender um cigarro e aparecem sei lá, 19 pessoas, de qualquer buraco, te pedindo um cigarro, “por favor”, e ai aquele maço novinho, que você tinha acabado de comprar, acaba em poucos minutos.
O segundo grupo é daqueles chatos, mas não tão inconvenientes, que pedem para acender o cigarro. “Tem fogo?” Se comprou cigarro, compra também um isqueiro.
O terceiro grupo, além de inconveniente é sem noção. Você vai caminhado pela rua, descontraído, fumando o seu cigarro e do nada aparece um doido, maluco, pedinte e fala: “senhor (tio), com todo o respeito, pode me dar (dá) um trago do teu cigarro?” – Ah, com certeza, te dou o cigarro, você traga, depois me devolve, ai ficamos aqui, parados na rua fumando. Não vai querer uma cerveja também, não? E uns pastéis?
O quarto grupo é daqueles que vão para barzinhos enfumaçados, onde até o garçom te serve fumando, senta numa mesa com mais de 50% de fumantes, e fica reclamando da fumaça do cigarro. Ah, porquê não ficou em casa?
O quinto e último grupo é formado pelos conselheiros da saúde. “Cuidado, o cigarro mata!” Ah, se eu não quisesse morrer não tinha nascido! “Cuidado, o cigarro causa não sei quantas doenças”, e o cara ta lá se enchendo de gordura, bebendo todas e fazendo um milhão de coisas piores.
O único jeito é parar de fumar.

terça-feira, fevereiro 05, 2008

* Ainda é carnaval!



O carnaval acabou, mas a carnavalização da vida, não! Temos o Big Brother, as novelas, a política, e muita sacanagem na televisão. Não que o carnaval seja só a festa da carne, tem muita alegria, e é um grande evento da cultura popular brasileira. Mas festa aqui não falta, alegria também, mesmo no meio de todos os problemas. Em pouco tempo estaremos festejando (isso mesmo!) a páscoa, depois tem dia das mães, Corpus Christi, dia dos pais, 7 de setembro, dia das crianças, 15 de novembro e natal e reveillon, e carnaval. Sem falar das micaretas (odeio), festas juninas, julinas, agostinas e setembrinas; além é claro dos dias dos amigos, das eleições e outros dias que com certeza serão comemorados. Sem contar a sacanagem que vai rolar na política, os escândalos verdadeiros, e os da imprensa marrom. Tem muito samba enredo ainda pra rolar em 2008. Comemoramos os 200 anos da chegada da Corte portuguesa no Brasil, 100 da imigração japonesa, 40 do inesquecível ano que foi 1968. Nossa, pena que não tem Copa do Mundo, PAN no Rio. Mas temos as olimpíadas, na China. Realmente, 2008 vai ter muito carnaval.

E por falar em carnaval, o meu foi muito bom. Passei com ótimos amigos: Karina, menina linda, animada, igual a mim no espírito e empolgação. Tainá, outra menina maravilhosa, e Aline, linda. Nós rimos muito nesse carnaval. Ah, o nosso almoço em Santa Teresa foi ótimo, depois bloco. Fellipe, grande garoto. Também teve Carol Zoga, Guilherme Voluti, Evelyn, Fran, Kim e James, os três últimos gringos ótimos. Carmelitas, Lapa, festinha (carnaval off), Banda de Ipanema, e muitos outros blocos, além de uma rave na praia, com direito a ver o sol nascer no Arpoador, uma pena o sol não ter aparecido.
Ah, mas também teve bicicleta, e alguém comendo chocolate na minha cama. Te adoro!
Claro, carnaval sempre tem inconvenientes. Falo de gente inconveniente, gente chata, gente burra (argh!), sem educação, ordinária, etc... Além de ter o celular furtado no meio do bloco das Carmelitas. Mas é carnaval, e tudo é festa!


segunda-feira, fevereiro 04, 2008

* Quando Ivan aprendeu a nadar

Por um segundo, desses que duram uma eternidade, ele pensou que fosse cair, e ir de encontro com a areia quente da praia. Depois que tudo ficou cinza, fechou os olhos. Suas pernas pararam de sustentar o peso do seu corpo, e era inacreditável como ainda conseguia estar de pé. Aqueles pés que estavam sob tudo, queimavam sobre a areia escaldante da praia de Ipanema. Ele não queria chorar, e seria como deixar o mofo, que estava guardado lá dentro dele, bem escondido, no fundo, aparecer se chorasse de pé. Não foi por estar perdendo os sentidos que se sentou na areia tórrida, foi apenas para que ninguém o visse nublar aquele dia ensolarado com suas lágrimas reprimidas. Quando se jogou no chão, escondeu a cabeça no meio das pernas, entre os joelhos, como se quisesse privar o mundo de um segredo, e deixou que toda aquela raiva, sofrimento e medo viessem à tona, em forma de um jorro copioso, que marejou seus olhos. Chorou! Ele chorou como se fosse uma criança assustada, e a cada soluço, ainda tentava segurar o choro, imaginado que pudesse reprimir aqueles sentimentos que o afligiam. Mas não podia, tinha chegado no ponto final. Tudo nele era insustentável, e não dava mais para viver, como se nada tivesse acontecido, como se fosse ainda a mesma pessoa, como se naqueles meses que tinham antecedido o verão uma tempestade não o tivesse balançado feito amendoeira em ventania, revirado seus galhos, levado suas folhas, derrubado seus frutos. Ora, porque ele continuava a ser tão tolo? O mundo todo estava ali, era só esticar o braço e pegar, mas ele relutava em viver. Não tinha forças para levantar, não tinha forças para nada. E deixou-se ficar sentado, deixando o mundo passar, deixando o mundo existir, enquanto sua pele caia, suas unhas cresciam, seu tesouro era descoberto. Não se permitiu se permitir, nem ficar, nem partir. Levantou a cabeça, por outro longo segundo, e fitou o sol, que o cegou. Quando finalmente voltou a enxergar, percebeu toda a energia do mundo. Percebeu, que para continuar a vida, teria que ser ele mesmo, e só ele poderia ser ele mesmo, e só ele poderia se libertar. Não era permitido ser ordinário e feliz ao mesmo tempo. As vicissitudes da vida devem ser bem vividas. E depois de tanto chorar, levantou-se pro mundo, deu alguns passos, ainda desconcertados, como se fossem os primeiros de sua vida, até chegar na borda do mar. Mergulhou. E foi assim que Ivan aprendeu a nadar.

domingo, fevereiro 03, 2008

* No Espelho


Às vezes me olho no espelho e não me reconheço. Fico procurando aquele garoto de 12 anos que já fui um dia. Quanto medo tinha do mundo, e agora o mundo é meu! Mesmo assim, não me reconheço, porque não tenho nada. Profanei todos os sonhos daquele garoto. E o que eu fiz com o seu corpo? O seu rosto não é mais o mesmo. Quantas marcas de espinhas e cravos, barba, cortes no rosto, marcas de preocupação com a vida, noites mal dormidas, noites muito bem acordadas. Quantas mordidas, muitas, bem levadas! Não sou mais aquele garoto de 12 anos assustado com o mundo. O mundo não me assusta mais. Só me assusto comigo mesmo. Por que não tenho tempo, não tenho limite, não tenho espaço. Agora sou uma pessoa que não serei amanhã. E amanhã não serei esse aqui de hoje. Preocupo-me com aquele menino que fui um dia aos 12 anos, por que no futuro posso ser algo que não quero ser agora. Gosto e desgosto; amo e desamo; sou árido, e faço chover; não costumo deixar passar nada, mas aquela roupa velha pode apodrecer no cesto, que eu nem sinto o cheiro.

O espelho me trai, porque não me mostra. Não mostra minha face má. Ou será que eu não consigo ver a face boa, e penso que o mal que vejo é o bem? Faço confusão com tudo, por que muitas vezes não me reconheço. E acabo agindo por instinto. Sou racional, muito racional. Mas vivo de paixão em paixão. Amo as pessoas que me cercam, meus livros, meus passeios, minha diversão, minha música, o cinema que eu vejo. Mas racionalizo tudo. Mas não uso a razão para nada. Então fico perdido. Tenho medo apenas do julgamento daquele menino de 12 anos que fui um dia. Será que ele vai me culpar por escolhas incertas, será que vai apontar meus erros, sem ver todos os meus acertos? Todas as pessoas maravilhosas que passaram pela minha vida, todas as pessoas que passaram e foram embora. Amei muito e também fui amando, e eu aos 12 anos não esperava que isso fosse acontecer. Amo muito a todo o tempo, e sinto amor de muitas partes. São muitos os que não gostam de mim, e poucos os que fariam algo por mim. Mas esses poucos são um milhão, porque eles são o meu mundo, e quem desgosta acaba não sendo nada, por que o meu mundo é o que eu vivo. E eu não vejo verdade no que eu não vejo.

Espero não ter decepcionado muito meus sonhos de menino de 12 anos. Espero não decepcionar meus sonhos de agora. Espero não me reconhecer no espelho. Mas me reconhecer em mim. Por que a face é apenas uma armadura, uma armadilha. E se você tira essa pele, tem alguém diferente aí embaixo. Embaixo de todos esses níveis deve estar ainda o menino de 12 anos que eu fui um dia. E eu sei que ele tem participação nisso tudo. Eu sei que sempre fizemos escolhas juntos. Mesmo que tenhamos nos distanciado, sempre quis o seu bem e ele sempre sonhou que eu fosse alguém no ano 2000. Então, para eu me tornar alguém tive que matar o menino de 12 anos que fui um dia, o de 13, o de 14, e etc. Seus sonhos, suas vontades. Tive que superar isso tudo. Tive que ser eu mesmo aos 20, 22, 24, 26, e etc. Tenho que ser eu mesmo hoje, tenho que ser eu mesmo sempre. Só não posso decepcionar a mim mesmo hoje. Porque tenho que fazer no meu mundo o que eu quero. Todos os outros são os outros, não são eu mesmo, e mesmo que estejam aqui, sou eu mesmo, não sou nada além de mim. E mesmo que não saiba muito bem, quem sou, o que quero, o que posso. Sei que sou, que quero, que posso. Assim, dia após dias vou me superando, eu mesmo. A única pessoa que posso superar, porque não sou mais ninguém além de mim mesmo. E vou sendo a cada dia mais eu mesmo. E mesmo que não me reconheça um dia no espelho, sei que devo estar em algum lugar aqui. E um dia poderei me reconhecer.

quinta-feira, janeiro 31, 2008

* Janeiro de 1968


Quem pensa que 1968 é apenas ‘Paris - Maio de 68’, está errado. O ano foi de efervescência política e cultural em todo o mundo. Em 1967 morreu assassinado no interior da Bolívia o revolucionário argentino Che Guevara, o que para os conservadores deve ter sido um alívio, pois, a propagação da revolução comunista, principalmente, na América Latina estaria, por algum tempo, interrompida. Mas 1968 foi um ano de grandes revoltas, sem grandes líderes, de modo geral, o que se viu foi a massa nas ruas, a imagem mais forte daquele ano que não terminou.

O ano de 1968 já começou agitado. Em 5 de janeiro teve início a Primavera de Praga, com a eleição de Alexander Dubcek, para o cargo chefe da Tchecoslováquia. Ele em pouco tempo tentaria romper com a cortina de ferro. Meses depois da vitória de Dubcek, o país ia sofrer um dos episódios mais dramáticos da história de ocupação Soviética na Europa, quando tropas russas e do Pacto de Varsóvia invadiram as principais cidades e a capital, Praga, tendo apenas como oponentes a população, que lutou bravamente nas ruas.
Ainda em janeiro (31), outro povo que lutava contra ocupação estrangeira, os Vietcongs atacou a embaixada americana em Saigon, capital do Vietnam do Sul. A batalha por Saigon só começaria alguns meses depois.

Mas o ano tinha apenas começado.

terça-feira, janeiro 29, 2008

* Agora que chegou o carnaval

Agora que chegou o carnaval
Tiro do armário minha velha fantasia
O palhaço continua vivo...
Trago alguns rasgos do ano que passou
Mas quem nunca remendou
Um carnaval que nunca começou
E antes da quarta-feira acabou?

Não vou deixar de pular
Pisar nas pedras das ruas
Com alegria
Como se fosse nova a fantasia
Pintar o rosto
Com bravura e galhardia
Mostrar quem não sou
Porque o carnaval chegou
E a tristeza deixou de existir
Onde existia

É necessário recomeçar
Picar papel, fazer confetes
Colorir de arco-íris
Aquela nova hipocrisia
Depois de muitos carnavais
Relembrar a velha marchinha
Que fica mais bonita a cada dia

O palhaço continua vivo
E na escuridão da noite
A alegria pode ser apenas fantasia
Pra que chorar?
Se tudo vai acabar um dia
Ao meio-dia
Depois daquela eterna euforia
E quando o porre passar
Tudo o que sobrar
É pra guardar
Junto com a velha fantasia
Pro próximo carnaval que chegar

segunda-feira, janeiro 28, 2008

* Sou o que não pode ser

Se por acaso alguma coisa em mim fosse verdade, seria ficcional. Eu sou mentira, até que se prove o contrário.


PERECÍVEL

Um dia frio
Tempo estranho
Não saio do quarto
Nem tomo banho
Pereço
Mereço

Quando nasci
Um dia que nunca lembrarei
Fedia
Perecia
Merecia

Dentro de você
Nunca esqueço
Um dia que não teve preço
Deixo-me e adormeço
Inerte acordo
Pereço
Mereço-te

Todo dia pereço
Envelheço
Mereço
Data de validade indefinida
Perecível a vida


São apenas palavras, rabiscadas, inacabadas, vomitadas, não escritas. Devolvo a falta de esperança que tens na vida, lamba, você mesmo, todas essas tuas inúmeras feridas. Tenho muitos anos, tantas milhas navegadas. Nos muitos portos em que já aportei, quase sempre me apaixonei. Tua pouca idade, não te faz novo, apenas tolo e moribundo. Sei. Cantar, não sei, mas canto. Amar, não sei, mas amo. Sou imperfeito, isso também sei. Não há nada para chorar, cansei. Triste es tu, tão velho e não aprendeu a amar.





quinta-feira, janeiro 24, 2008

* Na Caverna



Quando percebi que estava numa caverna escura, pensei que fosse tarde demais. Tentei tatear a saída, mas para que lado era a saída? Bati com a cara nas pedras, cai no chão. Tudo ficou ainda mais obnubilado. Desorientado, procurei ir à direção onde era possível respirar melhor; mas me faltava o ar. Não era possível ver nada, e perdi todo o senso de direção. Então, resolvi me entregar à sorte, e adentrei, o mais profundo que pude, na caverna. Às vezes não era possível respirar o ar sufocante, mas continuei, seguindo em frente, sem ver nada, na escuridão abissal. Tão escuro era, que ao fechar os olhos via uma luz, que não existia, e abria-os, sem notar que era quase um sonho. Mas, o pesadelo, as trevas, se grudou em mim. E passei a enxergar, mesmo no escuro, mesmo sem ver nada, passei a ver o que eu queria. Foi quando, tal qual uma revolução, a noite se fez dia. E com tudo clareado, voltei desesperado, para onde tudo era nublado.


quarta-feira, janeiro 23, 2008

* SUFOCAR

É necessário sufocar
Fumar 25 cigarros
Sem parar

Se jogar no mar
Mergulhar
Afundar
Sem saber nadar
Se afogar
Parar de respirar
Sem gritar
Sufocar

Menstruar o sangue das veias
Depois de se cortar
Extirpar
Expiar
Expirar
Sem excogitar

Apertar o cinto no pescoço
Até o sangue parar
De circular
Desmaiar
Parar de respirar
Pra nunca mais voltar
Pra nunca mais desejar

segunda-feira, janeiro 21, 2008

* 1968



Para comemorar os 40 anos de 1968, e suscitar o debate, pretendo escrever alguns texto sobre aquele ano, que por ter sido maior do que os outros, não acabou. Começo falando de um filme, que eu adoro, “Os Sonhadores”, que termina na Revolução de Paris de 1968. O texto é apenas uma exposição de algumas idéias, não é resenha sobre o filme, não é crítica, serve apenas como introdução.
OS SONHADORES


Theo (Louis Garrel), Matthew (Michael Pitt) e Isabelle (Eva Green) estão deitados dentro de uma barraca, montada na sala de casa, de repente uma pedrada quebra a vidraça, e desperta os jovens para o mundo lá fora. 1968, a Revolução começou. A cena é do filme “Os Sonhadores” de Bernardo Bertolucci, e na cena seguinte os jovens têm que escolher entre participar da revolução, ou seja, das manifestações, ou não. Theo, o jovem sonhador francês, entra no meio da multidão que havia tomado as ruas de Paris, e busca um coquetel Molotov. Matthew, o jovem americano que foi estudar em Paris é contra, e diz, tentado retirar a bomba das mãos do amigo, “Theo, está errado”. A resposta, não poderia ser mais idealista. “É maravilhoso, Matthew”, que rebate, “Isto é violência”. Para os americanos, a única violência aceitável tem sido a deles mesmos, qualquer outra é violência. Mas e as guerras de independência, as lutas contras as ditaduras, e a opressão? (A Veja faz questão de afirmar que Mariguella, ou Lamarca eram terroristas, e os algozes de todo o povo, o que eram? Mas pensando assim Tiradentes também foi um terrorista, Zumbi, Antônio Conselheiro também.) O diálogo deles continua. Matthew beija Isabelle e Theo na boca, para mostrar que a arma da nova geração deveria ser o amor. Perdida a revolução “paz e amor” torna-se o lema da década de 1970, o lema de Woodstock. Há uma despolitização da política, ou seja, os temas somem da pauta, aparecem às pessoas (políticos), os partidos, as ideologias. As idéias são mais importantes, mas elas acabam esquecidas. “Os Sonhadores” termina em 1968, termina com a revolução. Mas os sonhos e as idéias não!