A chuva, fina e fria, cai intermitente por mais de dois dias tristes. Quando a temperatura diminuía muito, as pequenas gotas, que precipitavam tal qual bailarinas, girando no ar, formavam flocos de neve. Tão frágeis que derretiam ao tocar o solo. Havia mais de três semanas que eles não viam o Sol, encoberto por nuvens pesadas vindas da Sibéria, alguém disse. Na primeira semana, houve uma nevasca terrível, e a neve se acumulou em camadas, nas calçadas, telhados, árvores, tudo tinha ficado branco. Quando a neve começou a derreter, havia lama em todos os lugares, além de placas de gelo no chão, que não se desmancharam porque a temperatura voltou a cair. E naquele domingo havia chuva, fina, fria, intensa. Eles queriam sair, ver a rua. Patrícia queria tomar um sorvete na Piazza di Roma, a sorveteria mais famosa da cidade. No último verão, quando não estavam fora da cidade, iam todos os domingo naquele estabelecimento que vendia felicidade em bolas de chocolate, e em outros sabores. Resolveram sair de casa, e saíram feitos astronautas, com o corpo coberto por várias camadas de roupas.
Caio havia aprendido a mentir com Patrícia. Ela lhe contara muitas histórias. E ele não podia acreditar em todas, parecia ser fantasia, mania de grandeza, loucura. Fingira acreditar. Aceitava ouvir tudo, pois não tinha mais ninguém para lhe fazer companhia naquele inverno. Não tinha com quem caminhar nas ruas geladas, sorvendo um sorvete de creme e flocos, de braços dados. Mas aprendia com as histórias dela. Anos depois ele agradeceu tê-la conhecido. Todas às vezes, quando foi necessário inventar uma história, ele se lembrava dela, sua professora de mentira. Uma vez, quando caminhavam por uma estrada de chão batido, indo para um castelo medieval dentro de uma floresta de pinheiros, ele resolveu contar uma história. Resolveu inventar uma história fantástica, para ludibriá-la. Mas ela, no seu jeito de moça recatada, e ao mesmo tempo espevitada, era muito mais esperta do que ele, e percebeu, que o rapaz magro, e sensual que lhe dava o braço, que às vezes dormia em seu quarto, que parecia ser o seu melhor amigo, estava lhe contando uma mentira. Eles discutiram, e ela pediu que nunca mais lhe mentisse. Ele com o orgulho de homem jovem ferido, prometeu a si mesmo, ainda com o rosto rosado, resultado da vergonha por ter sido desmascarado, ao ser pego na mentira, que ia enganá-la. Achou que poderia produzir uma mentira perfeita, a aquela que ela não desconfiaria.
No domingo, quando desciam a rua em direção ao rio, ainda não tinham terminado de tomar os seus sorvetes. Ela vertia algumas lágrimas, estava triste, e o tempo não ajudava. Ele começou a contar uma história, que teria se passado na ausência dela, quando estivera viajando para o campo. Ela riu ainda com o rosto molhado, das coisas que ele falou, mas pediu que ele explicasse novamente a história, pois não tinha entendido direito alguns fatos. Na segunda exposição, ela percebeu que ele mentia. Ela parou na calçada, no momento em que iam atravessar a rua. Ele foi, ela ficou. Nunca havia inventado uma história, nem contado uma mentira para ele. Mas ele, inseguro, sentia-se inferior a ela. Armou-se num mundo imaginário que não existia, único mundo onde conseguia forças para estar ao lado dela em igualdade. Ele aprendeu a mentir com ela. Ela nunca mentiu para ele. Depois daquele dia só se viram esporadicamente, se cumprimentavam com os olhos, quando se viam em algum lugar. Quando ele atravessou a rua, da última vez em que estiveram juntos, ela deu meia volta e retornou pela mesma rua, subindo a rua em direção à sorveteria. Precisava de mais uma bola de chocolate, talvez duas ou três. A chuva fina e fria havia se transformado em pequenos flocos de neve. A paisagem, com o casario antigo ao fundo, era linda. Ela tinha novamente lágrimas nos olhos, mas sentia-se feliz, com toda a sua verdade.
Caio havia aprendido a mentir com Patrícia. Ela lhe contara muitas histórias. E ele não podia acreditar em todas, parecia ser fantasia, mania de grandeza, loucura. Fingira acreditar. Aceitava ouvir tudo, pois não tinha mais ninguém para lhe fazer companhia naquele inverno. Não tinha com quem caminhar nas ruas geladas, sorvendo um sorvete de creme e flocos, de braços dados. Mas aprendia com as histórias dela. Anos depois ele agradeceu tê-la conhecido. Todas às vezes, quando foi necessário inventar uma história, ele se lembrava dela, sua professora de mentira. Uma vez, quando caminhavam por uma estrada de chão batido, indo para um castelo medieval dentro de uma floresta de pinheiros, ele resolveu contar uma história. Resolveu inventar uma história fantástica, para ludibriá-la. Mas ela, no seu jeito de moça recatada, e ao mesmo tempo espevitada, era muito mais esperta do que ele, e percebeu, que o rapaz magro, e sensual que lhe dava o braço, que às vezes dormia em seu quarto, que parecia ser o seu melhor amigo, estava lhe contando uma mentira. Eles discutiram, e ela pediu que nunca mais lhe mentisse. Ele com o orgulho de homem jovem ferido, prometeu a si mesmo, ainda com o rosto rosado, resultado da vergonha por ter sido desmascarado, ao ser pego na mentira, que ia enganá-la. Achou que poderia produzir uma mentira perfeita, a aquela que ela não desconfiaria.
No domingo, quando desciam a rua em direção ao rio, ainda não tinham terminado de tomar os seus sorvetes. Ela vertia algumas lágrimas, estava triste, e o tempo não ajudava. Ele começou a contar uma história, que teria se passado na ausência dela, quando estivera viajando para o campo. Ela riu ainda com o rosto molhado, das coisas que ele falou, mas pediu que ele explicasse novamente a história, pois não tinha entendido direito alguns fatos. Na segunda exposição, ela percebeu que ele mentia. Ela parou na calçada, no momento em que iam atravessar a rua. Ele foi, ela ficou. Nunca havia inventado uma história, nem contado uma mentira para ele. Mas ele, inseguro, sentia-se inferior a ela. Armou-se num mundo imaginário que não existia, único mundo onde conseguia forças para estar ao lado dela em igualdade. Ele aprendeu a mentir com ela. Ela nunca mentiu para ele. Depois daquele dia só se viram esporadicamente, se cumprimentavam com os olhos, quando se viam em algum lugar. Quando ele atravessou a rua, da última vez em que estiveram juntos, ela deu meia volta e retornou pela mesma rua, subindo a rua em direção à sorveteria. Precisava de mais uma bola de chocolate, talvez duas ou três. A chuva fina e fria havia se transformado em pequenos flocos de neve. A paisagem, com o casario antigo ao fundo, era linda. Ela tinha novamente lágrimas nos olhos, mas sentia-se feliz, com toda a sua verdade.
34 comentários:
Que texto bacana e que rapaz mentiroso, rsrs.
Gostei da maneira que conduziu, não é uma história que prende, o que me prendeu aqui foi sua narração.
Parabéns.
Que mentirada! heheh
Você escreve muito bem, só a letra que está um pouquinho grande, e cores muito claras com o fundo preto doi os olhos.
Mas tirando isso gostei, principalmente das suas idéias.
Abraços!
Lendo pela segunda vez, porque vale a pena. Olha que não tenho esse costume nem com "renomados"...
Bom texto! Gostei da história!
http://maynabuco.blogspot.com
Uma narração lirica.
Muito boa a forma que a conduzui...
Bravo, Bravo!!
Mas é como foi dito... uma mentira contada mil vezes se torna uma verdade!!
Até que ponto isso é verdade, seria interessante descobrir!
Ótimo blog!
Parabens!
Belas imagens no seu blog.
O anuncio google não esta poluindo seu blog
Parabens
Abraço
de verdade..excelente..maduro!
assim q eu prefiro!
gostei da narração sobre mentiras. ^^
foi tipo lirica e envolvente :]
nossa adorei o texto, soube agarrar a leitora e fazer ela ir até o final
;P
bem bacana esse texto...
continue assim
Poxa...
Talvez se fosse um dia bonito de verão, uma sorveteria seria bom não??
mas dia chuvoso e frio só poderia dar em decepção amorosa né!
bacana o texto
Olá jan
Ótimo texto... você é bem descritivo, consegue transmitir cada mínimo detalhe dos sentimentos que o inspiram.
a foto ajuda bastante a visualizar o ambiente descrito... parabéns, continue assim.
haUHAUhauhUHUAaa... Mentiroso pakas... Hae mano vc escreve bem pakas!!! Sucesso!!!
Os trabalhos desse blog devem ser exaltados pelas excelentes escolhas a nível de imagens e os posts são para além de poéticos, uma exalt~ção discursiva...Nota 10!
Nossa... haja imaginação hein? gostei muito!
Abraços
www.jlouthings.blogspot.com
legal ein..
Toda mentira tem um pingo de verdade!!E quem não mente?!
Adorei o texto!!
Bjs
Muito bom cara!
Parabens pelo blog.
abs
Interessante o texto, e bem bacana tbm. =)
São as pequenas mazelas dos relacionamentos, e você os interpreta e os captura muito bem, muito bom!
Legal seu blog!!!
Gostei muita da cor (acho massa preto).
Até mais!!!
Gostei principalmente da natureza e das características do ambiente transmitindo fortes impressões e mesmo sensações.
Muito bacana esse texto. Como todos os outros do blog.
Parabéns.
Beijos.
Nossa adorei o texto!
Envolve e é leve e surpreendente, além de nos dar um liçao de vida também! Mas nem me diga onde fica essa sorveteria de alegria, se nao vou engordar!!
Passei aqui para te deixar um carinho e um obrigado por visitar meu cantinho! Volte!!
Gostei cara! Pena que ele fez um mundo louco envolta dele mesmo e esqueceu o que importava pra ela né?! E ela agiu certo, as vezes é melhor estar sozinho com nossas felicidade's do que com alguem maisoumenos. rs
Bom texto
Abs
http://calcajeansehavaianas.blogspot.com/
parabens vc escreve muito bem...
mas so uma sugestao, de um "enter" entre os paragrafos para tornar a leitura mais agradavel, o fundo preto complica as vezes.
do resto muito bom mesmo...
quero te convidar para visitar meu blog http://polecos.blogspot.com
voltarei sempre
vlw
nossa, adorei o texto. foi prendendo aos poucos, e o final foi lindo. Adorei o seu lirismo e a sua forma de escrever.
Muito bom o texto. Principalmente da forma que foi narrada. Concordo com alguns comentários acima. O template preto com letras claras por cima, dói os olhos. Abraços!
acho que se tornou qse unanime aq a opiao sobre o texto ótimo e a cor do template
goataria de ser + original em meu comentario mas o amigos de cima chegaram primeiro =]
adoro visitar blogs e descobrir pessoas com tanto talentos diferentes
bjus
www.letter-star.blogspot.com
Ja vim aqui! rsrsrs
www.jlouthings.blogspot.com
Conseguiu ser simples e profundo!
Gostei de verdade do seu jeito de escrever, realmente, a história prende e é extremamente fácil de ser entendida!
Parabéns! De verdade!
Abraços!
http://losfanfaroes.blogspot.com
e cmo dizem uma mentira contada mil vezes se torna verdade....rsrsrs.....t+
da uma bizoiada
http://sonacachaca.blogspot.com/
A paisagem fria em contraste com os sentimentos quentes, sensuais e afetuosos.
Contraste que de outros modos enfrentamos entre o que desejamos e o que podemos de fato.
Legal seu texto mesmo!
Abçs,
Abel
Oi Jan!
Ótimo texto!
O Blog tá muito legal!
Bons posts!
Parabéns!
Abraço!
Tenha um ótimo Fim de Semana!
http://tiagoenes.blogspot.com/
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