quinta-feira, janeiro 31, 2008

* Janeiro de 1968


Quem pensa que 1968 é apenas ‘Paris - Maio de 68’, está errado. O ano foi de efervescência política e cultural em todo o mundo. Em 1967 morreu assassinado no interior da Bolívia o revolucionário argentino Che Guevara, o que para os conservadores deve ter sido um alívio, pois, a propagação da revolução comunista, principalmente, na América Latina estaria, por algum tempo, interrompida. Mas 1968 foi um ano de grandes revoltas, sem grandes líderes, de modo geral, o que se viu foi a massa nas ruas, a imagem mais forte daquele ano que não terminou.

O ano de 1968 já começou agitado. Em 5 de janeiro teve início a Primavera de Praga, com a eleição de Alexander Dubcek, para o cargo chefe da Tchecoslováquia. Ele em pouco tempo tentaria romper com a cortina de ferro. Meses depois da vitória de Dubcek, o país ia sofrer um dos episódios mais dramáticos da história de ocupação Soviética na Europa, quando tropas russas e do Pacto de Varsóvia invadiram as principais cidades e a capital, Praga, tendo apenas como oponentes a população, que lutou bravamente nas ruas.
Ainda em janeiro (31), outro povo que lutava contra ocupação estrangeira, os Vietcongs atacou a embaixada americana em Saigon, capital do Vietnam do Sul. A batalha por Saigon só começaria alguns meses depois.

Mas o ano tinha apenas começado.

terça-feira, janeiro 29, 2008

* Agora que chegou o carnaval

Agora que chegou o carnaval
Tiro do armário minha velha fantasia
O palhaço continua vivo...
Trago alguns rasgos do ano que passou
Mas quem nunca remendou
Um carnaval que nunca começou
E antes da quarta-feira acabou?

Não vou deixar de pular
Pisar nas pedras das ruas
Com alegria
Como se fosse nova a fantasia
Pintar o rosto
Com bravura e galhardia
Mostrar quem não sou
Porque o carnaval chegou
E a tristeza deixou de existir
Onde existia

É necessário recomeçar
Picar papel, fazer confetes
Colorir de arco-íris
Aquela nova hipocrisia
Depois de muitos carnavais
Relembrar a velha marchinha
Que fica mais bonita a cada dia

O palhaço continua vivo
E na escuridão da noite
A alegria pode ser apenas fantasia
Pra que chorar?
Se tudo vai acabar um dia
Ao meio-dia
Depois daquela eterna euforia
E quando o porre passar
Tudo o que sobrar
É pra guardar
Junto com a velha fantasia
Pro próximo carnaval que chegar

segunda-feira, janeiro 28, 2008

* Sou o que não pode ser

Se por acaso alguma coisa em mim fosse verdade, seria ficcional. Eu sou mentira, até que se prove o contrário.


PERECÍVEL

Um dia frio
Tempo estranho
Não saio do quarto
Nem tomo banho
Pereço
Mereço

Quando nasci
Um dia que nunca lembrarei
Fedia
Perecia
Merecia

Dentro de você
Nunca esqueço
Um dia que não teve preço
Deixo-me e adormeço
Inerte acordo
Pereço
Mereço-te

Todo dia pereço
Envelheço
Mereço
Data de validade indefinida
Perecível a vida


São apenas palavras, rabiscadas, inacabadas, vomitadas, não escritas. Devolvo a falta de esperança que tens na vida, lamba, você mesmo, todas essas tuas inúmeras feridas. Tenho muitos anos, tantas milhas navegadas. Nos muitos portos em que já aportei, quase sempre me apaixonei. Tua pouca idade, não te faz novo, apenas tolo e moribundo. Sei. Cantar, não sei, mas canto. Amar, não sei, mas amo. Sou imperfeito, isso também sei. Não há nada para chorar, cansei. Triste es tu, tão velho e não aprendeu a amar.





quinta-feira, janeiro 24, 2008

* Na Caverna



Quando percebi que estava numa caverna escura, pensei que fosse tarde demais. Tentei tatear a saída, mas para que lado era a saída? Bati com a cara nas pedras, cai no chão. Tudo ficou ainda mais obnubilado. Desorientado, procurei ir à direção onde era possível respirar melhor; mas me faltava o ar. Não era possível ver nada, e perdi todo o senso de direção. Então, resolvi me entregar à sorte, e adentrei, o mais profundo que pude, na caverna. Às vezes não era possível respirar o ar sufocante, mas continuei, seguindo em frente, sem ver nada, na escuridão abissal. Tão escuro era, que ao fechar os olhos via uma luz, que não existia, e abria-os, sem notar que era quase um sonho. Mas, o pesadelo, as trevas, se grudou em mim. E passei a enxergar, mesmo no escuro, mesmo sem ver nada, passei a ver o que eu queria. Foi quando, tal qual uma revolução, a noite se fez dia. E com tudo clareado, voltei desesperado, para onde tudo era nublado.


quarta-feira, janeiro 23, 2008

* SUFOCAR

É necessário sufocar
Fumar 25 cigarros
Sem parar

Se jogar no mar
Mergulhar
Afundar
Sem saber nadar
Se afogar
Parar de respirar
Sem gritar
Sufocar

Menstruar o sangue das veias
Depois de se cortar
Extirpar
Expiar
Expirar
Sem excogitar

Apertar o cinto no pescoço
Até o sangue parar
De circular
Desmaiar
Parar de respirar
Pra nunca mais voltar
Pra nunca mais desejar

segunda-feira, janeiro 21, 2008

* 1968



Para comemorar os 40 anos de 1968, e suscitar o debate, pretendo escrever alguns texto sobre aquele ano, que por ter sido maior do que os outros, não acabou. Começo falando de um filme, que eu adoro, “Os Sonhadores”, que termina na Revolução de Paris de 1968. O texto é apenas uma exposição de algumas idéias, não é resenha sobre o filme, não é crítica, serve apenas como introdução.
OS SONHADORES


Theo (Louis Garrel), Matthew (Michael Pitt) e Isabelle (Eva Green) estão deitados dentro de uma barraca, montada na sala de casa, de repente uma pedrada quebra a vidraça, e desperta os jovens para o mundo lá fora. 1968, a Revolução começou. A cena é do filme “Os Sonhadores” de Bernardo Bertolucci, e na cena seguinte os jovens têm que escolher entre participar da revolução, ou seja, das manifestações, ou não. Theo, o jovem sonhador francês, entra no meio da multidão que havia tomado as ruas de Paris, e busca um coquetel Molotov. Matthew, o jovem americano que foi estudar em Paris é contra, e diz, tentado retirar a bomba das mãos do amigo, “Theo, está errado”. A resposta, não poderia ser mais idealista. “É maravilhoso, Matthew”, que rebate, “Isto é violência”. Para os americanos, a única violência aceitável tem sido a deles mesmos, qualquer outra é violência. Mas e as guerras de independência, as lutas contras as ditaduras, e a opressão? (A Veja faz questão de afirmar que Mariguella, ou Lamarca eram terroristas, e os algozes de todo o povo, o que eram? Mas pensando assim Tiradentes também foi um terrorista, Zumbi, Antônio Conselheiro também.) O diálogo deles continua. Matthew beija Isabelle e Theo na boca, para mostrar que a arma da nova geração deveria ser o amor. Perdida a revolução “paz e amor” torna-se o lema da década de 1970, o lema de Woodstock. Há uma despolitização da política, ou seja, os temas somem da pauta, aparecem às pessoas (políticos), os partidos, as ideologias. As idéias são mais importantes, mas elas acabam esquecidas. “Os Sonhadores” termina em 1968, termina com a revolução. Mas os sonhos e as idéias não!



sábado, janeiro 19, 2008

* Hoje já é outro dia!


Passa das três horas da manhã, deitado na rede, na sala, tento ludibriar o sono, e terminar a leitura de um livro, faltam apenas 20 páginas, 22, 24... Desconcentro-me. A janela totalmente aberta deixa entrar uma brisa gostosa, o tempo muda, lá fora, o vento faz a árvore vizinha ao prédio balançar. Fico por uns instantes observando nuvens pesadas encobrirem o céu. Meu cigarro queima solitário no cinzeiro. Acendo outro, e ele queima sozinho entre meus dedos, até uma ponta de cinza incandescente cair sobre minha mão, produzindo uma pena queimadura, e me despertar dessa apatia. Sinto como é gostoso estar ali, no adiantar da hora, sozinho. Por alguns segundos me amo. Sinto-me feliz comigo mesmo, e não sinto estar perdendo nada. Apesar de saber que sempre estamos perdendo algo. É tão gostoso estar comigo mesmo, e me sentir bem comigo mesmo. Penso em alguém que me despertou um sentimento muito bom. Penso forte, e sinto como se caísse de um precipício. Vertigem... A rede balança com o meu corpo, sem que eu tenha vontade de me balançar. Sinto calor, e fecho os olhos, mas tua imagem me vem, como se você estivesse ali, de pé me esperando. A tua aparição é tão real, que faço um esforço para levantar, e segurar na tua mão. Mas estou ainda de olhos fechados, e ao colocar o pé no chão caio. Encontro-me com o taco, que nunca esfria, e nunca é quente, e me sinto perto de você. A chuva que começa a cair lá fora atravessa a janela, e invade a sala, molha os meus pés, e mais uma vez desperto. Você não está, nunca esteve, nunca estará. Você nunca estará, nunca esteve, não está. Não consigo mais te ver, tua imagem não se forma quando fecho os olhos. Apaguei você por alguns instantes. Não sinto medo, pois ele é teu. Não sinto nenhum sentimento ruim. Levanto-me para fechar a janela, e deixo-me molhar o rosto com os pingos da chuva. Queria muito poder sair e tomar um banho de chuva... Desço para a rua, estou sem camisa e sinto aos poucos meu corpo se refrescar, não tenho impedimentos, vivo, vivo. Quem está na vida é pra se molhar! Volto pra casa, mais feliz do que antes. Deito-me na rede, ainda molhado, recomeço a ler. O meu relógio parou de contar as horas. Faltam poucas páginas para terminar de ler o livro. Adormeço e acordo com a luz do Sol no meu rosto. Tento me lembrar do que aconteceu, e imagino ter feito coisas que me deixaram feliz, tenho que terminar de ler o livro, tenho que secar o chão da sala, mas deixo-me ficar na rede, vendo o nascer do Sol, e admiro o quanto o mundo pode ser bonito, e quanto à vida pode ser feliz. Tento não ser tão otimista. Hoje já é outro dia!

quarta-feira, janeiro 16, 2008

* Conto, mas não conto.... Aquela quinta


**

Aquela quinta-feira pareceu ser a mais bonita em muito tempo, para Carlos, o céu estava azul e límpido, como depois de um dia de tempestade. Ivan nunca tinha sentido nada como naquele dia. Eles haviam se encontrado no antigo prédio da Universidade do Brasil, que hoje abriga o Instituto de Filosofia e Ciências Sócias. Um prédio pomposo, de quatro andares e pé direito alto, fachada de pedra, e ar aristocrático, trazido da época em que abrigava a Escola Politécnica. Contraditoriamente, o prédio olhava majestosamente para a praça em frente, cheia de mendigos, cachorros abandonados, fezes, montanhas de papel e papelão, carrocinhas com todo o tipo de tralha, um cheiro fétido insuportável. Carlos chegou primeiro e entrou no prédio para se abrigar da terrível cena do mundo que se expunha na praça. Ivan chegou ávido por Carlos, e entrou no prédio procurando-o. Viu-o sentado num banco de plástico, que balançava para um lado e para o outro, equilibrando-se sobre o próprio peso e as pernas tortas. O enorme calor no interior do pátio obrigava todos a buscar a sombra, o Sol, apesar de proporcionar um dia lindo, estava inclemente. Os rapazes resolveram ir para algum lugar onde tivesse ar condicionado. Sem falar nada, como se se comunicassem apenas por telepatia, saíram pela rua sem direção. Eles estavam em sintonia perfeita, e poderiam dizer tudo com os olhos. Um sabia o tempo todo o que o outro queria. E isso ao mesmo tempo em que os inquietava, também era motivo de felicidade. Não tinham um endereço certo, queriam estar um com o outro. O Centro Cultural Banco do Brasil seria um destino certo, não fosse a necessidade deles de não encontrar com ninguém. Ivan os levou ao Centro Cultural da Caixa Econômica Federal, que tem um lounge com poltronas brancas, e um ar condicionado potente que baixa a temperatura para algo em torno de 21º C. Um oásis próximo ao Largo da Carioca. Os rapazes se esgueiraram entre camelos, passantes, pedintes. Eles pareciam correr, tão rápido se locomoviam. Esperavam apenas por algum momento feliz, porque não existia felicidade para os dois. Quando entraram no Centro Cultural, foram diretamente para o lounge, onde havia uma exposição sobre cinema. No centro da grande área, ladeada por janelas, paredes brancas cobertas com papel que imitava uma biblioteca, e um café num dos cantos, haviam montado no seu centro uma mini-sala de cinema, com projetor, que exibia um curta, e um sofá para dois. Os rapazes andaram pelo labirinto que envolvia a micro-sala de exibição, e entraram na penumbra. Tinham vontade de se abraçar, seus corpos se chamavam, mas não se permitiram. Ficaram lá por um tempo indizível, como se fosse todo tempo do mundo, mas pode não ter durando mais do que 5 minutos. Eles se olhavam com sorriso nos olhos, sentaram-se num sofá grande, entraram novamente no cinema, dessa vez, sem graça, como se fossem cometer algum crime. Sentiam-se felizes somente com a presença um do outro, mas não disseram isso, não demonstraram nada em palavras ou gestos. Imaginavam que não precisavam, pois o outro deveria saber, e deveria sentir o que cada um sentia. De repente, logo que saíram pela terceira vez da sala de cinema, Ivan disse que tinha que ir para casa, como se algo fosse se partir, como se fosse a ultima coisa que tivesse que fazer em sua vida. Seu rosto era só contrariedade, e levantou-se num ímpeto, em direção a saída, repetindo, com a voz embargada e a cabeça abaixada, como se procurasse algo perdido no chão. “Cara, tenho que ir pra casa. Eu vou pra casa, cara. Eu tenho que ir”. Carlos tentou negociar, e consegui que fossem tomar um suco. Ele pediu goiaba, e Ivan jaca. Ele queria experimentar coisas novas! Foi somente na lanchonete, de volta ao calor, ao barulho, a confusão que eles conversaram sobre eles mesmos. Inicialmente, Ivan disse não ter tempo, e sorveu o suco rapidamente, para poder livrar-se da enxurrada de palavras que acho que viriam em forma de explosão. Mas Carlos não disse muito, apenas ressaltou que desde que eles haviam se conhecido ele não queria apenas ser amigo de Ivan. “Além disso”, falou Carlos, olhando fixamente nos olhos de Ivan, “você não pode ser indiferente a mim, como tentou ser. Eu não quero somente a tua amizade, mas não sei o que você quer de mim”. Ivan sorriu, e meneou a cabeça com quem diz não, ele não queria ouvir nada. Mas Carlos continuou. “Ou você gosta, ou você não gosta. Mas indiferença, nunca! Comigo sempre tem sido assim, e quando não, faço com que seja”. Ivan tentou se levantar, como se quisesse demonstrar o quanto não queria aquela conversa, mas Carlos segurou-lhe o braço, e continuou a cuspir-lhe as palavras, ainda que de forma delicada. “Ivan, eu não quero ser seu amigo. Não é esse tipo de relação que eu busco com você. Existem no mundo muitas pessoas ordinárias, e eu não sinto que você esteja dentre elas. Por isso, quero que você deixe o sentimento que tem ai dentro extrapolar, ou então, se vá. Prefiro mesmo que se vá. Assim eu sofro uma vez só”. Ivan então, se dirigindo assustado, para a porta da lanchonete, como se o mundo fosse acabar com a tempestade de se anunciava nas nuvens escuras e espessas que via no céu, disse: “eu tenho mesmo que ir. Além disso, vai chover muito. Por quê não podemos ser aquilo que fomos lá dentro? Por quê não podemos ser o que temos sido até agora?” Os dois saíram sob a chuva. Ivan ia à frente, estava apreensivo, mas sentia-se muito feliz. Carlos tinha se esvaziado, não conseguiu falar o que queria, nem falou como queria, sentia o peso do tempo, e toda a sua violência. Como se uma porta se fechasse sem que ele pudesse passar e tivesse ficado preso. Ouvia claramente uma voz que lhe dizia, “o mundo é assim, não é um lugar para felicidade, deixe passar, o que não pode mudar”. Mas ele não podia se conformar, queria se revoltar. Carlos deixou Ivan no seu ponto de ônibus. Ivan não pode perceber se o seu rosto estava molhado por lágrimas ou pelos pingos da chuva. Cada um seguiu seu caminho.

segunda-feira, janeiro 14, 2008

* Estranho se eu não me apaixonasse por você...

Cássia Eller
All Star
Estranho seria se eu não me apaixonasse por você
O sal viria doce para os novos lábios
Colombo procurou as Índias
Mas a terra avisto em você
O som que eu ouço são as gírias do seu vocabulário

Estranho é gostar tanto do seu all star azul
Estranho é pensar que o bairro das Laranjeiras
Satisfeito sorri quando chego ali
E entro no elevador
Aperto o 12 que é o seu andar
Não vejo a hora de te encontrar
E continuar aquela conversa
Que não terminamos ontem
Ficou pra hoje

Estranho mas já me sinto como um velho amigo seu
Seu all star azul combina com meu preto de cano alto
Se o homem já pisou na lua
Como ainda não tenho seu endereço?
O tom que eu canto as minhas músicas pra tua voz
Parece exato

Estranho é gostar tanto do seu all star azul
Estranho é pensar que o bairro das Laranjeiras
Satisfeito sorri quando chego ali
E entro no elevador
Aperto 12 que é o seu andar
Não vejo a hora de te encontrar
E continuar aquela conversa
Que não terminamos ontem
Ficou pra ...Laranjeiras
Satisfeito sorri quando chego ali
E entro no elevador
Aperto o 12 que é o seu andar
Não vejo a hora de te encontrar
E continuar aquela conversa
Que não terminamos ontem
Ficou pra hoje



domingo, janeiro 13, 2008

* Conto... Mas, não conto!

Vai ai um micro-conto. Para dizer a verdade prefiro os contos aos micro- contos, mas num blog fica difícil publicar contos grandes. Mas haverá continuação... Será que é uma novela, em partes? Acho que é uma novela... Isso tudo é uma novela.

*

Carlos chegou ao hotel em São Paulo pouco antes das 10 horas da manhã. A balada tinha sido maravilhosa, ele não teria muito tempo para dormir, o relógio gritaria impreterivelmente às 12 horas, e deveria estar de pé, para um compromisso. Tomou um banho morno, o que amolece o corpo e aproxima o sono, e se deitou. Pouco mais de uma hora depois acordou irritado e com cara de mal-humor. Havia sonhado um sonho muito real. Sonho parecido com muitos outros, que o irritava pela manhã, tamanha a veracidade, a quantidade de informação que ele não conseguia processar. No sonho, ele via uma rua que ziguezagueava como serpente, num bairro do subúrbio do Rio de Janeiro, se via parado perto de uma estação ferroviária, na entrada de um motel. Tinha mais alguém no seu sonho, que aparecia e desaparecia, como em filme de suspense, sem que pudesse ver o rosto. Isso lhe dava a impressão de que a pessoa fosse desconhecida, mas havia algo, uma sensação, um cheiro, um clamor no ar, por aquele desconhecido, como se se conhecessem, ou como se viesse a se conhecer. Ainda no sonho se viu deitado na cama do hotel de São Paulo, e estava com esse desconhecido, que ele não podia adivinhar quem era, nem beijar sua boca, nem sentir seu cheiro, nem lhe tocar. O sonho o deixou intrigado. Como se tudo aquilo fosse capricho de algum deus grego que havia mostrado apenas uma parte de algo importante, mas não o deixara ver tudo.
Alguns meses depois, Carlos foi convidado por um amigo para ir a um encontro (Orkontro) de uma comunidade do Orkut, o qual ele havia relutado em participar, mas em pouco tempo havia se tornado um aficionado. Não que aquele fosse o seu primeiro encontro desse tipo, mas ele havia se prometido a não participar de mais nenhum. Resolveu entrar na Comunidade onde se patrocinava o encontro e “passear” entre as postagens e ver as pessoas que haviam escrito mensagens afirmando que iriam. Um dos participantes era Ivan. Carlos se perdeu no perfil dele.
Mas Ivan chamou sua atenção não pela beleza. Não que ele não fosse bonito, mas porque parecia ser uma pessoa de muito conteúdo e atitude. Carlos ficou algum tempo lendo seu perfil no Orkut, viu as fotos, suas comunidades, entrou no seu blog e leu alguns contos, observou tudo. Gostou! No dia do encontro, como Carlos chegou atrasado, eles se encontraram na Cinelândia, quando todos já rumavam em direção à Lapa. Ivan e Carlos não conversaram muito. Parecia haver alguma incompatibilidade entre eles, tal qual pessoas de gostos totalmente diferentes. Mas o que os afastava, também os aproximava, e continuaram se vendo, sempre com outros amigos comuns. Menos de um mês depois do Orkontro, surgiu uma viagem para São Paulo, em grupo. Ivan, que para todos afirmava ser heterossexual, se incomodou em ter que dividir o mesmo quarto com Carlos, homossexual assumido. Mas a viagem transcorreu sem problemas, e teve até momentos de muita descontração, riso e diversão. Dois dias depois da volta, Carlos, encantado com a inteligência, a sensibilidade, a simpatia, o bom humor de Ivan, resolveu mandar-lhe um e-mail afirmando suas suspeitas sobre a sexualidade do amigo. Teve medo de não ser bem recebido, de perder o novo amigo, mas mesmo assim investiu-se de coragem e enviou a mensagem. Por outros dois dias trocaram e-mails, alguns até contendo grosserias. Os dois iram se encontrar numa festa no final daquela semana. Então resolveram contemporizar, e acabar com as pendengas existentes entre eles. Como se isso colocasse ponto final naquela história.
Encontraram-se na entrada da festa. Ivan estava acompanhado de uma amiga, e Carlos de um amigo. Pareciam, que estavam seguros. Ivan pareceu a Carlos mais bonito do que nunca. Os dois estavam irradiantes. A música da festa estava muito boa, parecia que ia transpô-los para outros mundos, dançaram muito, beberam algumas cervejas, para descontrair e afastar certa tensão existente entre os dois, e deixar acontecer a tempestade de tesão, que parecia se aproximar, devido a intensidade das nuvens pesadas que se localizavam sobre suas cabeças. Depois de uma boa seqüência de música, na qual eles estiveram dançando com seus corpos muito próximos, como se fossem se fundir, resolveram dar uma saída da pista de dança. No caminho Carlos sentiu seu braço ser agarrado pela mão de Ivan, que apertava forte. Sentiu seu corpo ser puxado na direção a um canto mais ermo. Ivan segurou seu rosto e o beijou forte. Os dois ficaram algum tempo se beijando, abraçados. Carlos era o primeiro homem que Ivan havia beijado. Tudo para ele era novo, e sentia suas pernas tremer. Ele não sabia como agir. A barba rala de Carlos fazia cócegas no pescoço suado de Ivan, e deixava bem claro para ele, que aquele que o beijava era um homem. A barba o lembrava a cada beijo, que Carlos era homem. Foi como se alguém repetisse baixinho no seu ouvido, “você está beijando um homem”. Ivan ficou sem graça, e resolveu parar.
Carlos, apesar da rapidez das coisas ficou muito feliz. Quando estava em São Paulo com Ivan, na semana anterior, num dos raros momentos de descontração que eles haviam tido no quarto, deitaram-se na cama de casal para conversar, lado a lado. Foi o momento mais próximo que os dois tinham compartilhado até então, e Carlos pôde se lembrar do sonho estranho que tivera da vez anterior, em que havia estado naquele hotel. Ivan se arrepiou, pois ele morava bem próximo daquele lugar que havia aparecido no sonho de Carlos.
Ivan era mais do que um sonho, pensou Carlos. Ele não queria assustar o rapaz, mas também queria deixar claro que o seu sentimento não era apenas de amizade. Ivan era muito mais, e ele queria tê-lo por perto.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

* O Imperador Presidente

Dom Pedro II pode ser considerado um dos governantes mais democratas do Brasil. Prova disso, temos a liberdade de imprensa nos seus quase 50 anos de reinado; as inúmeras charges sobre o imperador jornais da época; os partidos republicanos; os conspiradores, inclusive nos quadros do exército, no Colégio Pedro II, e no próprio governo. O Imperador dizia, segundo José Murilo de Carvalho, na excelente biografia sobre o monarca (Companhia da Letras, 2007), que preferia ser um presidente da Republica, e via a obrigação de governar como um fardo. Muitos foram os que se arrependeram nos anos seguintes ao golpe militar que depôs o monarca e acabou com a monarquia no Brasil, instalando uma República dominada inicialmente por militares, principalmente na Ditadura de Deodoro da Fonseca.
O Poder Moderador, que permitia ao monarca interferir nos outros 3 poderes, sempre foi usado pelo Imperador, o que não dava aparência de verdadeira democracia ao Brasil. Mesmo assim, apesar de ser considerado um conservador, mesmo na sua época, o monarca trouxe ao Brasil alguns avanços. É claro que eles poderiam ter sido maiores


O exemplo de D.Pedro II poderia ser seguido pelos presidentes brasileiros. O desapego ao poder. Não há evidência nenhuma que após o golpe de Estado que o desapeou do trono, ele tenha tramado algum tipo de resistência para se manter no poder; o desapego a pompa, o Imperador era visto andando no meio de multidão do Rio de Janeiro, e recebia no Palácio, tanto na Quinta da Boa vista, quanto no Paço, num dia pré determinado da semana aqueles que quisessem falar ao monarca. A liberdade de imprensa. Diferente de seu pai, não há notícia de que D.Pedro II tenha mandado empastelar nenhum jornal, ou mandado prender nenhum jornalista por tê-lo criticado. Aquela época já havia a imprensa tendenciosa (a imprensa nunca é neutra, nem tem condições de ser), e maliciosa. O Imperador muitas vezes foi caricaturado ou criticado injustamente. Não foram poucos os jornalistas e os donos de jornais que criticavam o Imperador, ou pediram com urgência a República, e que se arrependeram após a sua proclamação, devido à falta de liberdade que ela trouxe. Poucos foram os anos da nossa República em que tivemos liberdade de fato de imprensa. Na República Velha essa liberdade nunca existiu de fato; na República Nova de 1930 a 1937, só existiu por um curto período entre 1934 e 1935. E na outra República Nova, a de 1946, somente houve liberdade de imprensa até 1947, quando o partido Comunista foi cassado. Ali passou existir a imprensa do golpe, Carlos Lacerda que a encabeçava pedia o fim da legalidade, e que os militares dessem um golpe nos seus adversários. Mas as liberdades democráticas estão ai para todos, da mesma forma que suas restrições só não atingem que as restringe. Como Albert Camus, no “Homem Revoltado”, a liberdade absoluta é de um só, a igualdade não existe se não for para todos. Lacerda, como os jornalistas do golpe de 1889 tiveram aos poucos seus direitos restringidos.
Hoje, no período mais democrático da história do Brasil, vemos jornalistas gritarem por um golpe, por soluções não constitucionais, ou por golpes constitucionais. Será que eles não leram nos livros de história, que essa caixa de pandora, que é a fuga da legalidade, vai nos trazer mais dissabores do que qualquer desvantagem? Desestabilizar um governo constitucionalmente eleito, que tem a aprovação da maioria da população, significa desestabilizar o país. O que eles têm a ganhar, devemos nos perguntar? Um certo jornalista, chegou a intitular o Presidente de sua anta. Esse tipo de crítica que não é construtiva, pelo contrário é vulgar, antidemocrática, não ajuda em nada no desenvolvimento da democracia no país. Que publicação séria, desmotivada, deixaria um colunista seu publicar esse tipo de artigo?
Críticas ao governo atual devem existir, existem, mas devem ser conseqüentes e balizadas. Como todas as críticas aos governos constitucionalmente eleitos, dentro da normalidade política. A história nos mostra grandes exemplos. O que fazem hoje com o governo atual é algo parecido ao que se fazia no período de 1950/4 no governo de Getúlio Vargas, ou no período de João Gullar. A imprensa tem que pensar o seu papel no golpe militar. Da mesma forma que pensa o seu papel positivo na abertura política. D. Pedro II nos deixa dois exemplos, o primeiro é de que o governante, mesmo se atacado injustamente, não deve atacar a imprensa, e sim seguir os caminhos legais de reparação, mas nunca de perseguição; os jornalistas devem pensar, que a normalidade constitucional sempre é o melhor, pois após os Golpes os primeiros a serem calados são eles mesmos.

* O Passado não é para ser esquecido

O Passado, livro do argentino Alan Pauls, não é para ser esquecido. O livro narra a história de Rímini, que ao terminar um relacionamento de 12 anos com Sofia, tenta reconstruir sua vida. Mas ela se torna uma sobra, que o acompanha, e pode estar a qualquer tempo em todos os lugares. Ele vai morar com uma jovem modelo, Vera, que é atropelada ao vê-lo numa rua com a ex-esposa; casa-se com uma ex-colega de faculdade, Carmem, com quem tem um filho, mas o relacionamento termina de forma abrupta, após o filho deles ser raptado por Sofia. Rímini se degrada, mas é salvo pelo treinador físico do pai; na sua nova vida se relaciona com uma aluna, e ao ser preso, após o fim de mais um relacionamento, é resgatado por Sofia. Ela aparece e desaparece da sua vida ao longo dos anos. Mas mesmo distante, suas cartas e sua presença, nos símbolos, são constantes.
O livro é sensacional por diversos motivos: um deles por tratar uma história de amor como um fluxo constante. Rímini não quer mais Sofia, mas não sabe viver sem ela, ou não consegue viver sem ela. Ela tenta cobrar as dívidas de amor, que nunca poderão ser pagas. Quer que continuem amigos, que se telefonem, que se vejam. Mas Rímini quer esquecer. E a única coisa que ele consegue esquecer são as línguas estrangeiras que ele fala. Fatal para sua vida profissional de tradutor. O Passado continua.
Pauls inventa um pintor, Riltse. Criador da Sick Art, ele é algumas vezes elo entre Rímini e sua sombra, Sofia. Os dois apaixonados pelos quadros bizarros do pintor, se encontram na sua arte. Assim, Rímini percebe que nunca conseguirá se livrar de presença de Sofia.
Considerado um dos melhores autores vivos da América Latina, Pauls tem um pouco de Cortázar e Proust. Ele aniquila o tempo, sem tirar sua violência. Rímini amadurece, mas Sofia continua lá. Da mesma forma, Sofia continua a esperar por Rímini com o passar do tempo. A caixa que ela guarda com mais de 1500 fotos são provas vivas de um relacionamento que não existe mais, um cadáver que não quer ser enterrado. Rímini, não quer as fotos, não quer Sofia, não quer se lembrar do relacionamento, mas O Passado está ali, presente, não se deixa esquecer.
Tão atual, numa época de relacionamentos fugazes, das “filas” que andam freneticamente, dos namoros e casamentos descartáveis, O Passado não nos deixa esquecer do outro, daquele que sempre é considerado a parte mais fraca no relacionamento, que sofre mais com o final, que não quer esquecer, que não quer deixar acabar. Num mundo tão pouco enraizado, o final de um relacionamento duradouro pode representar o término de laços considerados sólidos, do início de um processo de solidão, e de depressão. Não dá para esquecer O Passado, por que ele está presente, ele está no nosso dia-a-dia, como Sofia na vida de Rímini. Na busca de uma vida menos ordinária, e de relacionamentos e pessoas não ordinários, não dá para deixar O Passado para trás. Como, se ao deixarmos O Passado tivéssemos a garantia, no futuro, de repetir todas as vilanias que cometemos com outros, ou ainda vê-las repetidas contra nós mesmos. Como no poema de Fernando Pessoa, cantado por Maria Bethânia, O Passado não nos deixa transformarmo-nos em gente vulgar. “Quanto a mim o amor passou/Eu só lhe peço que não faça como gente vulgar/E não me volte a cara quando passa por si/Nem tenha de mim uma recordação em que entre o rancor/Fiquemos um perante o outro/Como dois conhecidos desde a infância/Que se amaram um pouco quando meninos/Embora na vida adulta sigam outras afeições/Conserva-nos, caminho da alma, a memória de seu amor antigo e inútil”.
Não dá para esquecer O Passado, por que ele é a nossa única esperança no futuro, pois esquecê-lo significa revivê-lo, cometer todos os erros anteriores, repeti-lo infindavelmente, como se uma só vez não bastasse (einmal ist kein mal). Assim, Sofia tenta cessar seu sofrimento relembrando Rímini, na esperança de que ele volte. Rímini tenta esquecer Sofia, pois acha que aniquilar O Passado seria a única forma de viver diferente, de reconstruir o presente. Lembrá-la teria sido mais fácil. Mas como na vida teria não existe, Rímini segue o caminho mais difícil, o que nos permite ler no romance de Pauls uma verdadeira história de amor, sem início, meio e fim. Mas com início, meio, fins, e reviravoltas.
O livro inspirou o filme homônimo, dirigido pelo também argentino Héctor Babenco, com Gael Garcia Bernal no papel de Rímini. A não ser por ser linear, a narrativa do filme, não foge quase nada a do livro de Pauls. O tom sombrio, o tempo quase sempre nublado, dá o tom da tensão vivida por Rímini que a qualquer momento pode topar com o morto (o seu relacionamento), ou com a morta-viva (Sofia). A imagem de Sofia esperando Rímini na entrada de um museu para ver uma exposição de Riltse, num dia de tempestade que alaga quase toda Buenos Aires mostra o desespero dela em retomar O Passado. A calma de Rímini ao vê-la ilhada pela televisão transparece a sua ânsia de esquecê-lo.
Vi o filme e depois li o livro, e senti-me muitas vezes, tanto no cinema, nas duas vezes em que assisti, quanto nos momentos de leitura, Rímini e Sofia. O Passado que se quer esquecer é o mesmo que não se deixa esquecer. Entre o esforço de esquecimento, e a necessidade de (re)lembrarmos fica o presente, que a todo instante muda, e muda também a visão que temos do passado, e nos deixa claro que O passado é algo que temos que aprender a conviver com ele. Se temos que conviver com ele, o melhor é não esquecê-lo.


* Teremos uma presidente?

Somente em 1893 as mulheres ganharam direito a voto, isso na pequena Nova Zelândia, ainda, aquela época, colônia Britânica. Ainda na década de 1920, elas não podiam votar na maioria dos países ao redor do mundo. Nos Estados Unidos só conquistaram esse direito em 1919, e no Brasil em 1932. Somente após a Primeira Guerra Mundial que as mulheres conquistaram o direito ao voto em alguns países europeus, Inglaterra (1918), Alemanha (1919), Portugal (1931), na desenvolvida Suíça até a década de 1970, em alguns Cantões, as mulheres ainda não podiam votar. Na América Latina, o primeiro país a conceder o direito a voto para as mulheres foi o Equador (1929), na Argentina, país considerado mais desenvolvido da América do Sul, até a Segunda Guerra Mundial, somente em 1946 as mulheres passaram a votar.



Somente em 1893 as mulheres ganharam direito a voto, isso na pequena Nova Zelândia, ainda, aquela época, colônia Britânica. Ainda na década de 1920, elas não podiam votar na maioria dos países ao redor do mundo. Nos Estados Unidos só conquistaram esse direito em 1919, e no Brasil em 1932. Somente após a Primeira Guerra Mundial que as mulheres conquistaram o direito ao voto em alguns países europeus, Inglaterra (1918), Alemanha (1919), Portugal (1931), na desenvolvida Suíça até a década de 1970, em alguns Cantões, as mulheres ainda não podiam votar. Na América Latina, o primeiro país a conceder o direito a voto para as mulheres foi o Equador (1929), na Argentina, país considerado mais desenvolvido da América do Sul, até a Segunda Guerra Mundial, somente em 1946 as mulheres passaram a votar.



Mas não só de direito ao sufrágio se faz à participação feminina no mundo da política. A participação se estende também ao direito a serem votadas, e finalmente a serem eleitas. Muitas mulheres têm ocupado cadeiras nos parlamentos de diversos países. Mas no executivo as mulheres ainda têm avançado a passos mais lentos. Tivemos até hoje mais Primeiras-ministras do que Presidentes mulheres. Sirimavo Bandaranaike, do Sri Lanka, foi a primeira mulher a ocupar o cargo de Primeria-ministra no mundo. Ela exerceu a função em três períodos, de 1960 a 1965, de 1970 a 1977 e de 1994 a 2000. A primeira mulher a presidir um país foi Isabel Perón que sucedeu ao presidente Juan Domingo Perón, seu marido, de quem era vice-presidente, após sua morte em julho de 1974. Foi derrubada por um golpe militar em março de 1976. Isso na Argentina, que no ano de 2007 elegeu Cristina Kirchner presidente, mulher do então presidente Nestor Kirchner. Na América Latina cada vez mais mulheres têm conquistado a presidência de seus países. Os casos mais interessantes são de Violeta Chamorro na Nicarágua entre 1990 e 1996, viúva do ex-presidente Pedro Chomorro, e recentemente no Chile, quando Michelle Bachelet foi eleita em 2006. Primeira mulher escolhida para encabeçar o Estado pelo voto universal no Chile e na América do Sul.



No ano de 2008 teremos eleições presidenciais nos Estados Unidos, e Hillary Clinton, mulher do ex-presidente Bill Clinton, poderá ser a candidata do Partido Democrata. Durante o segundo governo Clinton Madeleine Albright foi Secretária de Estado, posto ocupado na segunda gestão de George W. Bush por outra mulher, Condoleza Rice. No Brasil, nas eleições de 2010 provavelmente termos como fortíssimas candidatas Dilma Russef e Heloísa Helena. Quem sabe não surgirão outras? O que mais se parece com governo feminino no Brasil foram às regências da Imperatriz Leopoldina, e da Princesa Isabel, beata e conservadora. Foi durante a sua segunda regência que finalmente a escravidão foi abolida no nosso país.


O século XIX foi o século das sufragistas, como ficaram conhecidas as mulheres que lutaram pelo direito ao voto feminino; o século XX foi o século da conquista do voto, e do início da participação da mulher na política, participando efetivamente de governos. Como exemplos importantes podemos citar em Israel, Golda Meir, primeira-ministra de 1969 a 1974, e na Grã-Bretanha, Margaret Thatcher, conhecida como a "dama de ferro", única mulher a ocupar o posto de primeira-ministra na história do Reino Unido, foi chefe do governo britânico de maior duração no século XX: 11 anos e 209 dias (maio de 1979 a novembro de 1990). O século XXI será o das mulheres presidentes e primeiras-ministras. Vejo uma reunião de presidentes do continente Americano dominada por mulheres. Será que seus maridos, primeiros-cavalheiros, vão fazer passeios turísticos e conhecer obras sócias enquanto elas decidem o futuro do continente?
Atualmente mulheres chefiam o governo ou são chefes de Estado e governo em diversos países do mundo. Além da Argentina e do Chile (América), temos mulheres chefiando a Alemanha (Europa), Coréia do Sul (Ásia), Moçambique (África) e Nova Zelândia (Oceania). No mínimo uma em cada continente. Ainda é pouco, mas já é um grande avanço.
Qual a importância de ter um mundo governado por mulheres? No mínimo um mundo mais justo do ponto de vista dos sexos. A participação da mulher nos cargos majoritários dos governos trás justiça a todas as mulheres excluídas, exploradas, subjugadas durante quase toda a história da humanidade. Isso no mínimo. Outras mudanças ocorrem nos governos femininos, como maior visibilidade e liberdade às mulheres. Ainda outras mudanças devem ocorrer, com o modo feminino de governar, temos que “pagar para ver”, e esperar outras revoluções que elas farão.











quarta-feira, janeiro 09, 2008

De volta!

Muito tempo se passou desde o momento em que um bloqueio intelectual me privou de escrever e agora início de 2008, quando retomo o blog. Apaguei o que foi necessário, postagens e comentários. Espero poder voltar a escrever, já voltei, logo, logo terei novas postagens. Mudei muito nesse tempo, estou em constante mudança, e espero continuar assim. Mas a experiência do blog me mostra que a essência não muda muito. Depois de tanto tempo me identifico muito ainda com o que eu escrevi. Espero que os meus pouquíssimos leitores gostem das mudanças.
O que me fez voltar a escrever... Isso vocês vão ver, espero que vejam. Mas preciso dar respostas pra mim, e preciso encontrar respostas para o mundo.